Uma mulher teria sido a mandante da chacina que vitimou sete trabalhadores que viviam em um alojamento no bairro Morro do Meio, em Joinville. O crime aconteceu no dia 8 de janeiro e, após um desentendimento entre um dos homens com a suspeita, o crime foi cometido. A informação foi dada nesta manhã de quinta-feira (23) pelo delegado Dirceu Silveira Júnior, titular da Delegacia de Homicídios, durante uma coletiva de imprensa.

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Segundo o delegado, esta mulher exerce uma função de comando dentro de uma facção criminosa na região do Morro do Meio e, após o atrito na rua com uma das vítimas, teria voltado pra casa e ordenado para que outros integrantes da organização seguissem o homem até o imóvel onde estavam hospedados e executassem todos que estivessem no local. Desde o crime, ela está foragida.

— Não existe nenhum indício de que esses homens tiveram ou tinham algum envolvimento com facção. Foi um desentendimento com a moça e, em seguida, aconteceu esta barbárie — diz o delegado.

Ainda conforme o investigador, todos os envolvidos nesta chacina já foram identificados e há dez indiciados pelos crimes. Até o momento, três foram presos e a polícia trabalha com a hipótese que os demais estejam foragidos para fora do Estado e até do país.

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Relembre o caso do Morro do Meio

As vítimas foram encontradas carbonizadas dentro de um Fiat Uno incendiado por volta das 10h do domingo, 8 de janeiro, no bairro Vila Nova. Inicialmente, 10 vítimas que moravam na mesma casa, no bairro Morro do Meio, estavam envolvidas. Seis delas foram encontradas com os corpos queimados. O imóvel também foi incendiado pelos autores do crime. Três pessoas conseguiram escapar dos criminosos. Um homem ainda estava desaparecido e o corpo dele foi encontrado cerca de um mês e meio depois.

De acordo com Dirceu Silveira Júnior, as vítimas eram de Palmas e Cruz Machado, cidades do Paraná, e trabalhavam em uma empresa terceirizada em Joinville. Da noite de sábado para domingo, teria acontecido o desentendimento fora da casa entre uma das vítimas encontradas carbonizadas e a mandante do crime, segundo o delegado. Horas depois, os suspeitos foram até o local e atearam fogo no imóvel, como forma de retaliação pela discussão.

No local, havia três carros pertencentes à empresa que foram usados para transportar as vítimas até uma estrada próxima ao fim da Rodovia do Arroz. Foi onde um dos veículos, um Fiat Uno, foi encontrado carbonizado com as vítimas dentro por moradores.

Em relação aos sobreviventes, o delegado afirma que eles também foram retirados da casa pelos agressores, porém, conseguiram fugir dos suspeitos em algum momento durante o trajeto para o local em que seriam mortos. Os três não ficaram feridos e retornaram para casa.

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Em uma das últimas atualizações sobre o caso, o delegado responsável pelas investigações, Eliéser Bertinotti informou que, antes de serem carbonizados, um dos homens teria sofrido um corte profundo no pescoço, enquanto os outros cinco foram atingidos por tiros na região da cabeça, o que indica que os seis foram mortos antes do carro ser incendiado. Todos as vítimas já foram identificadas.

 A reportagem do AN conversou com um dos responsáveis pela empresa que contratou os trabalhadores, que afirmou que já havia alugado o alojamento em outras oportunidades e que nunca havia tido problema com o local. Além disso, tanto ele quanto os familiares se chocaram com a violência deste crime, já que definem as vítimas como tranquilas, sem antecedentes de brigas.

Chacinas não têm ligação entre si

Um dia antes da chacina que vitimou sete trabalhadores que moravam no Morro do Meio, outro assassinato em massa foi cometido no bairro Ulysses Guimarães. Mas, apesar das poucas horas de diferença e de os crimes terem sido cometidos por integrantes de uma mesma facção criminosa, os dois casos não têm ligação entre si.

Vítimas de chacina no Ulysses Guimarães eram parentes e passeavam em Joinville

Do caso do Morro do Meio, a motivação teria sido um desentendimento entre um dos trabalhadores com uma das mulheres que exerce um cargo de liderança na facção. Todas as vítimas deste fato já foram identificadas, três criminosos foram presos e outros sete já identificados seguem foragidos. Este inquérito policial, portanto, já foi concluído e a polícia segue cumprindo os mandados de prisão.

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Já na situação do Ulysses Guimarães, as mortes foram consequência da disputa de território entre grupos criminosos. Neste caso, o inquérito policial segue em curso a fim de ouvir mais testemunhas e concluir o restante do trabalho de perícia.

Os corpos das vítimas estão no IML e aguardam identificação. O que se sabe até o momento é que os quatro eram parentes, tinham entre 16 e 39 anos de idade e estavam há cerca de uma semana em Joinville visitando uma parente.

Segundo o delegado Dirceu Silveira Júnior, os faccionados promoveram um “tribunal do crime” em apenas um fim de semana, que foi definido como “o mais violento da história da cidade”.

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