Uma testemunha considerada fundamental para a investigação do crime conhecido como chacina de Canasvieiras não foi encontrada pela Justiça para prestar depoimento em audiência nesta terça-feira, no Fórum de Palhoça. O homem – que conhecia os Gaspar Lemos e o principal suspeito de planejar e executar o crime, Francisco José da Silva Neto – não compareceu, mesmo obrigado e procurado pela Justiça, a audiência de inquirição pedida pela defesa de um dos réus e pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). O interrogatório estava marcado para as 13h30min desta terça.

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Como já havia faltado a uma audiência em outubro, a juíza Monica Bonelli Paulo Prazeres, substituta da Vara do Tribunal do Júri em Florianópolis, expediu em novembro carta precatória para que o homem fosse conduzido coercitivamente por oficial de Justiça para participar de interrogatório nesta terça-feira. O Fórum de Palhoça foi escolhido porque a testemunha declarou estar residindo no município da Grande Florianópolis. Ao procurar no endereço disponibilizado pelo homem, o oficial de Justiça não o encontrou, nem mesmo por telefone.

A audiência previa perguntas de acusação e defesa no processo que apura a morte por asfixia de cinco pessoas – quatro delas da mesma família – dentro do apart-hotel Venice Beach, em Canasvieiras, em 5 de julho deste ano.

Advogado diz estudar pedido de prisão contra testemunha

Com a ausência da testemunha, peça-chave da investigação, o advogado Jackson José Schneider Seilonski, que representa o réu Francisco José da Silva Neto, afirma que vai insistir na importância de ouvir o homem e renovar o pedido a juíza Monica. Estuda, ainda, pedir à Justiça a prisão temporária da testemunha "para que ele apareça" e volte a falar sobre o caso, pois na fase de inquérito policial prestou depoimento aos investigadores e "trouxe informações valiosas".

— Esse depoimento é essencial para a defesa do Neto — resume.

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A reportagem não localizou o promotor Andrey Cunha Amorim, do MPSC e responsável pela denúncia contra os acusados, para comentar o descumprimento da condução coercitiva pela testemunha do processo.

"Foi fundamental à investigação", diz relatório da Polícia Civil

No relatório final da Delegacia de Homicídios da Capital, que antecedeu o oferecimento da denúncia pelo MPSC, os delegados dizem que o depoimento da testemunha "foi fundamental à investigação". Seu depoimento foi rico em detalhes da rotina e características da família Gaspar Lemos.

"Pessoa que conhecia muito bem a família, oportunidade em que falou sobre a vida, problemas, propriedades, relação de amizade, caráter, defeitos e virtudes das vítimas", narra trecho do relatório final da Polícia Civil, que encontrou áudios do acusado Neto à testemunha antes de ocorrerem as mortes.

São réus no processo Francisco José da Silva Neto, Michelangelo Alves Lopes e Ivan Gregory Barbosa de Oliveira, todos moradores do norte da Ilha e com idades entre 20 e 22 anos. Todos estão presos no Complexo Prisional da Agronômica, em Florianópolis.

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Próxima audiência em fevereiro

A próxima audiência de instrução do caso será realizada em 14 de fevereiro de 2019, às 14h, na sala do Tribunal do Júri em Florianópolis. Nessa data, serão ouvidas, além de mais algumas testemunhas de defesa, também os acusados de cometerem o crime ocorrido em 5 de julho deste ano.

Relembre o caso

Cinco pessoas foram assassinadas dentro do apart-hotel Venice Beach, na rua Doutor José Bahia Bittencourt, há 100 metros do mar de Canasvieiras, quase a meia-noite de 5 de julho. O caso veio à tona nas primeiras horas do dia seguinte. Foram mortos por asfixia Paulo Gaspar Lemos, 77 anos, Paulo Gaspar Lemos Junior, 51, Kátia Gaspar Lemos, 50, Leandro Gaspar Lemos, 44, e Ricardo Lora, 39 anos. Segundo a polícia, os assassinos, três homens que entraram no hotel por volta de 16h permaneceram no local até perto da meia-noite, depois de submeterem as vítimas a intensa tortura psicológica.