Um dos dois homens presos por suposta participação na morte de cinco pessoas dentro de um apart-hotel em Canasvieiras, Florianópolis, e que cumpre mandado de prisão temporária de até 30 dias, constituiu advogado na última semana. O suspeito, de 22 anos, detido desde 11 de agosto, é representado na investigação por Jackson José Schneider Seilonski.

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O advogado, que vem conversando com o suspeito no complexo prisional da Agronômica, em Florianópolis, questiona as afirmações da polícia de que seu cliente planejou o crime. Ainda, diz aguardar por provas concretas da Delegacia de Homicídios e contesta a expedição do mandado de prisão ao alegar que o suspeito tem endereço fixo, trabalha e não fugiu do lugar onde mora em momento algum.

Seilonski afirma que ainda não teve acesso ao teor do inquérito presidido pelo delegado Ênio de Oliveira Mattos, titular da Delegacia de Homicídios da Capital, mas diz que não solicitou acesso aos autos “porque quem acusa precisa provar o que está falando”. Também diz que, à defesa, o suspeito não admitiu crime algum – diferente do que a Polícia Civil garantiu em coletiva de impressa realizada na manhã de 11 de agosto, quando o delegado Mattos falou que o suspeito confirmou ter planejado o crime e a execução da chacina de Canasvieiras baseado em filmes que assistira na televisão.

— Eu não vou comentar o que o delegado está falando (suposta confissão), também porque não tive acesso ao inquérito. O prazo para o término da temporária está chegando ao fim (10 de setembro), e somente depois disso acessarei os autos. O que posso dizer agora é que o mandado de prisão temporária foi concedido sob alegação de que meu cliente era próximo da família e esta teria dívidas com ele, mas dívidas a família morta tinha com muitas pessoas — expõe Seilonski, que aguarda o fim do prazo da prisão temporária ou a conclusão do inquérito para decidir que medidas a defesa vai tomar.

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Suspeito tem empresa para prestação de serviços

O advogado afirma que seu cliente tem uma pequena empresa de serviços gerais e, através dela, aproximou-se dos Gaspar Lemos. O rapaz de 22 anos, natural de Belém, no Pará, prestava serviços de elétrica, limpeza, manutenção e até de pedreiro para a família vítima da chacina de Canasvieiras. Os trabalhos eram feitos tanto no apart-hotel Venice Beach, cenário do crime, como no empreendimento Arena Spazzio, cujos sócios eram Leandro Gaspar Lemos, o Magal, de 44 anos, e Ricardo Lora, gaúcho de 39 anos, única vítima que não era integrante da família Gaspar Lemos.

— Ele trabalhou durante um tempo sempre em dois períodos, um no hotel e outro na Spazzio.

A reportagem também procura, há duas semanas, eventuais advogados ou defensor público do outro suspeito preso temporariamente por suposta participação na chacina de Canasvieiras. O rapaz, de 21 anos, que trabalhava como ambulante nas praias do norte da Ilha, foi preso na fronteira do Brasil com o Uruguai em 10 de agosto. Em depoimento, manteve-se em silêncio.

Delegacia de Homicídios fará mais diligências antes de concluir inquérito

O delegado Ênio de Oliveira Mattos diz que ainda restam algumas diligências antes da conclusão e encaminhamento do inquérito ao promotor Andrey Cunha Amorim, titular da 37ª Promotoria da Capital. Mattos afirma que o homem preso em flagrante por receptação com o último carro roubado dos Gaspar Lemos não é suspeito de participação nas mortes. O delegado mantém o entendimento de que a razão da chacina teve origem em uma dívida de R$ 47 mil do suspeito defendido por Seilonski, além de ameaças que o suspeito estaria recebendo ao cobrar o débito.

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A polícia procura o terceiro suspeito de participação na chacina, que seria um menor de idade. Caso ele seja localizado, sua apreensão terá de ser feita pela Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente e ao Idoso (Dpcami), que no caso do adolescente poderia dividir informações com a Delegacia de Homicídios.

Entenda o caso

Cinco pessoas foram assassinadas dentro do apart-hotel Venice Beach, na Rua Doutor José Bahia Bittencourt, a 100 metros do mar de Canasvieiras, em Florianópolis, quase à meia-noite de 5 de julho. O caso veio à tona nas primeiras horas do dia seguinte. Foram mortos por asfixia Paulo Gaspar Lemos, 77 anos, Paulo Gaspar Lemos Junior, 51, Kátia Gaspar Lemos, 50, Leandro Gaspar Lemos, 44, e Ricardo Lora, 39 anos.

Uma camareira do hotel, que também foi amarrada pelos criminosos, conseguiu fugir, já que aparentemente foi poupada pelos bandidos. Segundo a polícia, os assassinos, três homens que entraram no hotel por volta de 16h, permaneceram no local até perto da meia-noite, depois de submeterem as vítimas à intensa tortura psicológica.

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