Cercada pelo mar e longe dos grandes centros produtores, Florianópolis hoje figura entre as capitais brasileiras com o maior custo da cesta básica. Apesar de ter sido a única cidade que acumulou baixa no preço entre os meses de janeiro e maio, a Capital registrou o quinto maior valor do país em maio: R$ 420,63. Isso prova que o acumulado de -0,81% no período _ e a redução de 4,09% com relação ao total fixado em abril _ não foram suficientes para baixar o alto custo dos produtos.

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Em março, por exemplo, período em que se registrou o maior preço, R$ 441,06, a Capital tinha o terceiro maior custo país, superando até grandes metrópoles como Rio de Janeiro (R$ 440,79) e Porto Alegre (R$ 420,90). Como já era esperado, maio seguiu nesta mesma linha. Diretamente influenciados pela estrutura da terra na região, os preços, não só em Florianópolis, mas em todo território nacional, são muito rígidos, explica o economista técnico do Dieese Maurício Mulinari.

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— Aqui (em Santa Catarina) o latifúndio domina a produção agrícola, mas o foco dessas produções é a exportação. Então, mesmo com menos demanda, como ocorreu em 2015, o preço dos alimentos não cai. Tanto que não se observa uma variação grande de valores, eles costumam ficar permanentemente elevados — explica Mulinari.

Custo de vida elevado também interfere

O economista ainda ressalta que o poder aquisitivo da população também é um fato decisivo na composição destes valores. Visão que é compartilhada pela especialista em economia e gestão estratégica empresarial, Janypher Marcela Inácio. Para ela, a oscilação no preço dos produtos aliado com as incertezas tanto no cenário econômico, quanto no político, dificulta uma previsão positiva.

— O que influencia bastante neste preço, aqui na Capital, principalmente, é o poder aquisitivo da população, que é considerado alto. A pesquisa (da cesta básica) leva em conta o salário mínimo como base, mas os supermercados se baseiam no poder aquisitivo, então aqui sempre vai ser mais caro — contextualiza Janypher.

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Para ter ideia do impacto deste valor no bolso do consumidor em Florianópolis, quem recebe o equivalente a um salário mínimo (hoje em R$ 880) precisou trabalhar 105 horas e 10 minutos _ ou quase 13 dias, se a jornada for de oito horas diárias _ para arcar com os R$ 420,63 da cesta básica só no último mês. A média nacional é de 97 horas.

Ainda conforme o Dieese, a soma do valor dos 13 alimentos que compõem a cesta comprometeu 51,96% do salário líquido destes consumidores. No geral, das 27 capitais brasileiras pesquisadas, 17 tiveram aumento no valor da cesta básica.

Comprar em grandes quantidades pode ser alternativa

Influenciados por secas, frios ou excessos de chuva, os preços não só da cesta básica, mas também de outros bens de consumo, tendem a subir, como explica o economista e professor da Furb, Nazareno Loffi Schmoeller. Foi o que aconteceu com a batata, por exemplo, que desde janeiro vinha apresentando alta, mas em maio foi um dos itens que mais baixou em Florianópolis.

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Em abril, o tubérculo teve alta de 44,66%, já em maio, motivado pelo fim da colheita, o preço do item caiu 10,80% na Capital. O levantamento do Dieese ainda aponta redução em outros alimentos, como carne (-5,76), feijão (-5,03) e tomate (-4,86). Já o leite foi um dos produtos com maior percentual de aumento: 5,19%. Óleo (2,07), arroz (1,26) e café (0,17) também ficaram mais caros.

Para fazer o dinheiro render mais no supermercado, Janypher sugere que, quem puder, opte por fazer as compras no continente e não na Ilha. Outra dica é buscar estabelecimentos que fogem dos nichos mais procurados, ou ainda, comprar em grandes quantidades, quando o preço estiver favorável.

— Os chamados atacarejos estão ganhando cada vez mais adeptos. Percebo que até os supermercados mais tradicionais estão com promoções para incentivar o consumidor a levar mais unidades do mesmo produto. Isso pode ser uma saída principalmente para os produtos de limpeza, que não são perecíveis e podem ser estocados —conclui Janypher.

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