Um fio metálico esticado entre dois sarrafos a dois palmos acima do chão. Moacir Sikorski, oito anos, morreu por cair ali, na linha rígida carregada de eletricidade por volta do meio-dia desta quarta-feira. No local em que o menino escorregou no chão úmido e tombou para frente diante dos dois primos, não há sinal avisando que a cerca é elétrica.
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A passagem entre o terreno no fundo da casa onde morava o menino, na Rua Cristiano Karsten, Bairro Itoupavazinha e a propriedade vizinha, o caminho marcado pelos passos constantes foi interrompido por dois fios eletrificados presos em três sarrafos.
O aviso da interrupção é o amarelo da embalagem plástica que se destaca na frente das folhas de cana-de-elefante nas margens da trilha. O equipamento foi instalado só nos fundos do terreno, ao lado de um pasto. Pela lateral, a divisão entre a casa de Moacir e o terreno-pastagem do vizinho é um muro de tijolos na lateral direita.
A tia do menino Rubia Baer, 24 anos, conta que já havia proibido as brincadeiras nos fundos de casa . Mas às vezes o trio de primos desobedecia e fugia para o local mais afastado da residência, como ocorreu quarta-feira. A vizinha Rosana Kienen, 42, lembra bem de Moacir brincando por ali desde sempre.
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_ Ele era como toda criança, um pouco arteiro. Eles andavam por tudo. A gente chamava a atenção às vezes, dizia para cuidarem, eles respeitavam um pouco _ recorda Rosana.
Na quarta-feira, Rosana mal tinha tirado o almoço da mesa quando ouviu a vizinhança pedindo ajuda. O marido Ronaldo correu. Ajudou a tirar Moacir desacordado de cima da cerca eletrificada. Os bombeiros vieram, levaram o garoto para o Hospital Santo Antônio. Não adiantou.
A morte de Moacir será investigada na 2ª Delegacia de Polícia Civil de Blumenau, no Bairro Itoupava Norte. A averiguação contará com os laudos do local do acidente e do corpo do garoto elaborados pelo Instituto Geral de Perícias (IGP), além de depoimentos dos envolvidos. De acordo com o delegado Bruno Effori, o proprietário do terreno pode ser indiciado por homicídio culposo, por ter agido com imprudência ou negligência.
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De acordo com o advogado Ronaldo Ferreira Gonçalves, que representa Emiliano Seleme Neto, proprietário do terreno em que estava a cerca eletrificada, não havia Autorização de Responsabilidade Técnica (ART) para a instalação do equipamento.
