As acusações contra Marcos Antônio de Queiroz em Joinville se concretizaram na quinta-feira na entrega de três inquéritos policiais à Justiça. Eles somam 12 volumes e cerca de 4 mil páginas. Trata-se do resultado das investigações das delegacias dos bairros Fátima, Aventureiro e Vila Nova, que registraram os boletins de ocorrência desde que o empresário não foi mais visto na cidade, dia 1º de agosto.
Continua depois da publicidade
A apresentação dos inquéritos na 4ª Vara Criminal formaliza o indiciamento de Marcos Queiroz pelo crime de estelionato. O material será juntado ao processo que garantiu a prisão preventiva dele no dia 20. Como o pedido liberdade ajuizado foi negado na quarta, ele continua detido no Presídio Regional de Joinville.
Apesar de confirmarem suspeitas contra outras pessoas ligadas a Marcos Queiroz, os delegados responsáveis pela apuração guardam sigilo sobre o número de indiciados. Como o caso está em segredo de justiça, a alegação é de que a divulgação de informações pode atrapalhar a investigação.
– A entrega dos inquéritos não significa o fim das investigações. O número de pessoas indiciadas pode variar enquanto o processo seguir na Justiça – diz o delegado Adriano Boni, titular da DP do bairro Aventureiro.
Continua depois da publicidade
Mas a polícia não nega que Ana Cláudia da Silva Queiroz, mulher de Marcos Queiroz, também seja alvo dos inquéritos. No habeas corpus ajuizado em defesa do empresário, os advogados pediram um salvo-conduto antecipado para impedir uma eventual prisão dela. O TJ também rejeitou o pedido.
O indiciamento ainda deve incluir funcionários mais próximos de Marcos Queiroz. Numa apuração paralela, com base em contratos e documentos de clientes lesados, a Defensoria Pública Estadual constatou que três pessoas tiveram repassados para seus nomes os veículos dados como entrada na compra de apartamentos. Seriam laranjas no esquema.
Cerca de 100 pessoas prestaram depoimentos
O trabalho de investigação das três delegacias inclui o depoimento de cerca de cem possíveis vítimas de Marcos Queiroz em Joinville. A apuração ficou dividida porque duas delegacias (Vila Nova e Fátima) se voltaram ao atendimento dos clientes dos materiais de construção do empresário, enquanto a DP do Aventureiro se concentrou na sede do Grupo Marcos Queiroz, no Iririú, que vendia os apartamentos.
Continua depois da publicidade
Após a prisão de Queiroz em Indaiatuba (SP), no dia 20, a polícia correu contra o tempo para entregar as peças da investigação. Isto porque, com o acusado preso, não seria mais permitido o prazo habitual de um mês para a conclusão dos trabalhos.
Agora, os inquéritos serão encaminhados ao Ministério Público. Caberá ao MP avaliar as provas colhidas para decidir se apresenta denúncia contra os envolvidos. No decorrer do processo, a promotoria também pode pedir mais apurações e eventuais prisões. Não está descartada a hipótese de que, além de estelionato, também sejam confirmados crimes como formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.