Voltar à sala de aula muitas vezes é um processo complicado para adultos, principalmente por considerarem que já passaram da idade de estudar e sem ter tempo para frequentar as aulas. Em uma pesquisa feita em 2012, com pais ou responsáveis, por 15 mil alunos da rede municipal de Florianópolis, a prefeitura constatou que quase 8 mil não concluíram o ensino fundamental. Ou seja, a escolaridade deles equivale ou é inferior a dos filhos.

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Para tentar alterar este quadro, a prefeitura está enviando cartas às famílias que se encontram nesta situação, estimulando-as a se inscreverem em um dos núcleos de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

A empregada doméstica Guilhermina Pereira, 37 anos, decidiu retomar aos estudos no ano passado, no núcleo de EJA da Escola Silveira de Souza. Ela conta que, no início, estranhou um pouco, mas, com o estímulo do marido e dos filhos, pretende concluir o ensino e fazer outros cursos.

Na casa da família, os papéis mudaram: são os filhos gêmeos, de 15 anos, Cristiano e Clayton, que apoiam e ajudam a mãe com os trabalhos.

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– Acho importante que ela estude. É muito bom para ela – avalia Cristiano.

Além de ajudarem nas pesquisas, os jovens colaboram com as tarefas de casa, o que permite a mãe conciliar os estudos, trabalho e família.

Consciente da importância da educação, Guilhermina incentiva os filhos na escola e quer fazer outros cursos.

– Estudo é uma herança que ninguém tira – finaliza a mãe.

Conheça o projeto

O projeto de Educação de Jovens e Adultos (EJA), estimula jovens a partir dos 15 anos, que não acompanham a escola regular e adultos a retomarem os estudos.

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As aulas funcionam por ciclos de pesquisa, uma metodologia em que os estudantes realizam trabalhos e pesquisas interdisciplinares a partir de uma pergunta, e são avaliados por sua trajetória. O chefe do Departamento de Educação de Jovens e Adultos da prefeitura de Florianópolis, Daniel Berger, explica que o curso é divido em dois segmentos.

– O primeiro é dedicado àqueles que estão se alfabetizando, e o segundo aos anos finais – explica Daniel.

Ele ressalta que, por se tratar de uma metodologia diferenciada, as matrículas estão abertas o ano todo, e o tempo de conclusão do curso, de 1,6 mil horas produtivas, depende de cada aluno.

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Apoio do família é importante

A terapeuta familiar, Denise Duque, explica que muitos adultos voltam a estudar quando os filhos entram na escola, e eles se sentem incapazes de ajudá-los. Ela explica que o estímulo da família é importante, e fortalece a conexão entre ambas as partes, desde que haja paciência.

– O filho precisa respeitar a diferença de ritmo de aprendizagem dos pais, que nem sempre é o mesmo dele – explica a terapeuta.

Fabiana Conrado, 33 anos, passou por esta situação.

– Minha filha de 11 anos começou a me fazer perguntas, e eu não sabia responder – conta a empregada doméstica. Ela explica que morava no interior de Biguaçu, na infância, e o pai não tinha condições de pagar o transporte até a escola. Hoje, ela sente que a relação com filha melhorou e que tem uma oportunidade única de mudar seu futuro.

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Saiba mais

Educação de Jovens e Adultos (EJA)

Onde: escolas municipais de Florianópolis.

Quando: matrículas abertas o ano todo.

Documentos necessários: carteira de identidade e comprovante de residência.

Valor: gratuito.

Curiosidade: para alunos que residem a mais de dois quilômetros do local e têm renda familiar inferior a três salários, a prefeitura fornece o vale-transporte. Também é oferecido alimentação nos três turnos, com cardápio variado e orientação de nutricionistas.

Mais informações: (48) 3251-6102.