O ambulante Jailson Pereira dos Santos nem precisa caprichar no gogó para chamar a atenção dos clientes na areia da praia. Só a existência do carrinho colorido que ele empurra na Enseada, em São Francisco do Sul, é suficiente para a barraquinha móvel ficar repleta de gente, principalmente mulheres.
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Saídas de praia, cangas e chapéus vão balançando com o vento do litoral enquanto o mineiro de 27 anos percorre a extensão da praia. Assim como ele, cerca de 600 ambulantes devem circular pelas areias das cinco principais cidades litorâneas da região Norte catarinense – Itapoá, São Francisco do Sul, Balneário Barra do Sul, Barra Velha e Piçarras – nesta temporada.
– Sou ambulante de praia há dez anos. Fora da temporada procuro exercer atividades autônomas para conseguir me organizar melhor no verão -, explica.
A logística tem uma explicação: trabalhar de sol a sol, das oito da manhã às seis da tarde, rende uma boa quantia de dinheiro.
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O vendedor fica tímido em revelar os números lucrados no período, mas garante que compensa.
– No meu caso, que sou autônomo, trabalhar na temporada é melhor do que ficar parado. Além disso, o dinheiro que a gente consegue juntar vale a pena. Dá para se programar durante o ano.
Mesmo que seja sazonal, a profissão de ambulante causa até fidelização de clientes. O aposentado Roberto Carlos Faustino, de 45 anos, percorre as praias francisquenses há 15 anos e afirma que é famoso na região.
– Eu sou o ?cheguei? da praia. Tenho clientes fixos há mais de dez anos. São famílias que têm casa na cidade e vêm para cá todo verão. A gente acaba fazendo amigos.
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Se no negócio de Jaílson são as cores que chamam a atenção, para Roberto a força é toda na garganta.
– Cheeeeguei! Olha o coco, a água, a cerveja. Geladinho!
Então o banhista, independentemente da idade, olha para o carrinho vermelho do vendedor e lê a justificativa para comprar algo.
– Coco é saúde. Hidrata, alimenta e é bom para a ressaca.
Com quatro golpes de facão, ele abre uma tampinha na ponta da fruta e ainda sugere ao cliente que volte quando o líquido acabar para abrir o coco e comer a polpa.
Antes de se aposentar, Roberto trabalhava como garçom e explica que fazia muita ginástica para encaixar o trabalho na praia entre a rotina.
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– Sou de Joinville e tenho casa em São Chico. Agora fico mais aqui, mas antes ficava me revezando para dar conta de tudo.
E a justificativa para tanta disposição, lógico, não podia ser outra. A boa e velha oportunidade de aumentar o pé de meia.
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