Apesar de Joinville não liderar nenhum ranking no País no que se refere à violência contra a mulher, elas estão cada vez mais procurando maneiras de se sentirem seguras, seja ao caminhar sozinhas por ruas escuras ou lidar com situações reais de tensão e confronto, muitas delas vindas de dentro do próprio lar.

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Violência doméstica e que são enquadrados pela Lei Maria da Penha e os crimes que não têm nada a ver com a relação familiar, como assaltos e roubos, são os dois tipos de violência mais comuns contra a mulher.

Nestes primeiros meses do ano, de acordo com a Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso, foram instaurados 110 inquéritos e 650 boletins de ocorrência. Este número pode ser muito maior, já que, por medo, há vítimas de agressões que não chegam a levar o caso a conhecimento da Justiça e da polícia. No ano passado, Joinville teve quatro casos de feminicídio, morte motivada pela discriminação contra a figura feminina, que abrange também a violência doméstica familiar.

Enquanto estes registros não são nulos, a busca pela autoconfiança em relação ao próprio corpo e o momento exato de reagir ao assédio e violência levam cada vez mais mulheres para dentro das academias à procura de noções de defesa pessoal. São inúmeros os estabelecimentos da cidade que oferecem este tipo de curso e, na semana do Dia da Mulher, alguns deles promoveram aulões gratuitos.

Em um deles, realizado nesta quinta-feira por meio de parceria entre uma academia do bairro Nova Brasília e uma construtora da cidade, elas ocuparam os tatames a fim de aprenderem práticas que em outros tempos eram consideradas masculinas.

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Para o professor Alexandre Marciano, líder regional da Gracie Barra, comunidade de praticantes de jiu-jítsu no País, a busca pela autodefesa feminina é uma crescente.

– Antes, não se via tanta mulher praticando, inclusive há poucas que são faixa-preta na modalidade no Brasil – comenta, rodeado por cerca de 60 mulheres atentas às explicações do professor.

Marciano acredita que o aumento da violência, principalmente em centros urbanos, é um dos motivos pelos quais elas estão cada vez mais interessadas na modalidade.

Professor explica técnica para as alunas. Foto: Salmo Duarte

Treinos para usar a força no momento certo

Conhecer as técnicas de defesa pessoal não quer dizer aplicá-las em todo o contexto de violência. O professor Marciano ensina que, “primeiro, precisamos usar a mente, para depois usar o corpo”. Nos princípios básicos das artes marciais, ensina-se bastante a não reagir ou pensar primeiro antes de tomar o próximo passo e ver se realmente precisa.

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– A ideia dos cursos pequenos é ter uma noção básica dos movimentos. Depois, durante as aulas de jiu-jítsu, cuja metodologia pode ter ênfase na defesa pessoal, aprendemos os golpes até eles se tornarem automáticos – diz.

A dica de Marciano é: não reagir por impulso, manter a calma e treinar bastante.

Andrezza Brumer, 31 anos, no curso de defesa pessoal. Foto: Salmo Duarte

Elas buscam aprender a ser proteger

Andrezza Brumer, 31 anos, reflete o perfil das mulheres que procuram conhecimentos básicos em artes maciais. Ela ainda não havia participado de outras aulas, ficou sabendo do curso por meio das redes sociais e buscou a academia. Do lado de fora do tatame, era acompanhada pelos olhares do marido e da filha de dez meses, que foram incentivar a pedagoga a aprender os primeiros golpes.

– Nunca cheguei a passar por uma situação de violência, mas na nossa realidade é necessário pelo menos saber se defender – diz.

Andrezza espera nunca precisar aplicar o que aprendeu. Mesmo assim, terminou a aula com uma postura mais confiante e conhecendo um pouco mais de si mesma.

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