A estudante Yasmin Gabriele Melo Gomes, de nove anos, estava concentrada desenvolvendo sua primeira peça de argila, como os tradicionais oleiros de São José fazem. Descobriu que, por acaso, estava fazendo uma peça que lembrava um cesto indígena chamado arcodelada e ficou ainda mais animada ao saber que estava recriando ali um pouco de história. Ela, e outras cerca de 400 crianças, passaram ontem não só pela oficina de argila, mas por outras atividades em comemoração ao Dia do Folclore que, em São José, foi realizado na Praça Hercílio Luz, no Centro Histórico.

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As atividades que pretendiam misturar brincadeiras antigas com atividades novas — como cinema — ocorreram durante a tarde e a manhã em forma de circuito, explicou a superintendente da Fundação Cultural da cidade, Joice Porto. O objetivo era de que todos os alunos — tanto da rede municipal, estadual e privada — pudessem participar de todas as ações.

E lá estavam, é claro, os personagens principais de nosso folclore: o boi de mamão, a bernunça e a Maricota.

Yasmin (D) com os amigos, mostrando suas peças de argila. Tinha cogumelo, boi de mamão, bernunça...
Yasmin (D) com os amigos, mostrando suas peças de argila. Tinha cogumelo, boi de mamão, bernunça… (Foto: Diorgenes Pandini / Diario Catarinense)

Assim que chegaram, as crianças da Escola Francisco Tolentino, que fica pertinho do Centro Histórico, foram brincar com o boi de mamão e ouviram as histórias da dupla Zefa e Tanhota, que além de piadistas, participaram das brincadeiras.

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E mesmo com tantas risadas, foi a oficina de argila que Yasmin mais gostou. Fazer algo com as próprias mãos a deixou inspirada. Assim como seu colega, Emanuel Berman dos Santos, também de nove anos, que fez um boi de mamão de argila. Ele não conhecia a história do personagem mais famoso da Grande Florianópolis e se influenciou na brincadeira de roda para criar sua própria arte, que mostrava orgulhoso.

A professora da turminha do 4º ano, Priscilla Andrade, 38, acredita que estes momentos, em que as tradições antigas são resgatadas, são importantes aos pequenos.

— Nós já trabalhamos muito com estes personagens e falamos de cultura em sala de aula, mas estando aqui, eles veem com os próprios olhos, fazem com as próprias mãos — comentou a educadora.

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Amarelinha foi uma das brincadeira. Ah! E a Branca de Neve também deu um pulo por lá
Amarelinha foi uma das brincadeira. Ah! E a Branca de Neve também deu um pulo por lá (Foto: Diorgenes Pandini / Diario Catarinense)

O Dia do Folclore na praça ocorre desde 2013 em São José. Segundo Joice Porto, as atividades querem unir o passado com o novo. Por isso, foram levados para o dia ainda brincadeiras como amarelinha, pintura, cantigas de roda e até ¿pernas de lata¿: a gurizada estava se amarrando andar por aí com uma lata de achocolatado nos pés, segurada por uma corda. Quem nunca, não é verdade?

Um dia para educadora e aluno

Enquanto um grupo de crianças aprendia as técnicas dos oleiros, a professora Kamila Coelho da Natividade, de 28 anos, se dedicava a um aluno específico, o João Vítor da Silva Freire, de 11 anos. Ele estava centrado em frente às telas que foram disponibilizadas aos alunos para pintarem personagens do nosso folclore, como o Saci e Curupira.

Kamila e João, juntos, pintaram personagens do folclore brasileiro
Kamila e João, juntos, pintaram personagens do folclore brasileiro (Foto: Diorgenes Pandini / Diario Catarinense)

Ele confessou que gostou mais de conhecer a brincadeira do boi de mamão, mas estava realmente empolgado em pintar numa tela de tecido, como os grandes artistas fazem. A professora também estava especialmente feliz. Não só porque seu aluno estava se divertindo, mas porque ontem, além do Dia do Folclore, também era o Dia do Educador Especial, o segundo professor, responsável pela educação de crianças com algum tipo de deficiência. Os dois, aluno e professora, juntos, fizeram arte na praça.

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— Acho essas atividades fundamentais para as crianças explorarem seu outro lado, fazerem atividades diferenciadas. Estimula — comentou a educadora.

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