Neste domingo (22), cerca de 3,7 mil índios Kaingang e Guarani da Terra Indígena Xapecó, no Oeste do Estado, vão eleger o cacique, o vice-cacique e o capitão. São mais eleitores do que em pelo menos 30 entre os 295 municípios do Estado.
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A disputa contará com três chapas, quatro locais de votações e cinco seções. A votação ocorrerá das 8h às 17h. Para votar, os eleitores não precisam de título eleitoral, mas apresentar CPF ou RG. Os jovens que completarem 16 anos no dia 22, data da escolha, também podem participar. Os cerca de 50 Guarani que vivem na aldeia Limeira têm igualmente o direito de votar.
A apuração ocorre a partir das 17h de domingo na Câmara de Vereadores de Ipuaçu, com a totalização feita (com base nos boletins de cada urna) pela Justiça Eleitoral da Comarca de Abelardo Luz.
A tribo fica a 16 quilômetros de distância do centro de Ipuaçu. Trata-se da maior reserva em extensão territorial de Santa Catarina: dos 15.623 hectares de área, 63% abrangem o município de Ipuaçu. Os 37% restantes fica em Entre Rios.
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Como funciona a eleição indígena?
É também a maior terra indígena agricultável do Estado. Além da plantação de milho e soja, os indígenas têm lavouras de subsistência de mandioca, feijão, batata doce, abóbora, hortaliças, melancia, melão. Famílias também criam gado leiteiro e de corte, suínos, galinhas.
Para se ter uma ideia da importância da disputa: mais da metade dos 7,5 mil habitantes do município é indígena. É comum a eleição de indígenas paro cargos do executivo e legislativo local. Nesta eleição haverá mais eleitores do que em pelo menos 30 entre os 295 municípios do Estado.
Quem são os candidatos
Como foi a campanha
Os últimos dias foram de busca pelo voto para as chapas concorrentes. Os candidatos também estiveram envolvidos com reuniões para acertar os detalhes da eleição. Em comum, todos buscaram se aproximar dos eleitores e ouvir sugestões ao novo cacicado.
O atual cacique Gentil Belino, que concorre à reeleição e pela terceira vez poderá estar à frente da maior terra indígena do Estado, se pautou pela continuidade de diálogo com o Executivo municipal e a questão da segurança:
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— Pretendemos continuar atuando em parceria com o governo municipal, o qual tem atendido nossas reivindicações em relação a melhorias na terra indígena, e focar na questão segurança afim de impedir o acesso de drogas às comunidades — diz o cacique.
Ivanir Alípio, o Nizo, mora na aldeia Olaria e concorre pela primeira vez. Para ele, a comunidade carece de maior presença das lideranças ao longo dos dias e não apenas em questões pontuais:
— As aldeias possuem seus líderes (cacique, vice e capitão), mas têm muita gente precisando de ajuda, como idosos e crianças com necessidade de medicamentos, que nunca recebem uma visita. Liderança não é só para manter a ordem, mas para estar acompanhando a realidade das famílias e atender seus pedidos — defende Alípio.
Osmar Barbosa, que mora na aldeia sede, já concorreu anteriormente e em uma das vezes se elegeu cacique. O candidato conta que também procurou conversar com a comunidade e ouvir os anseios dos moradores:
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— Questões como saúde, habitação, agricultura e segurança estiveram presentes nas conversas. Sentimos que a falta de médicos especialistas nos quatro postos de saúde preocupa muito as pessoas, pois muitas vezes falta tratamento adequado para as doenças — explica Barbosa.