Adélia Santos, 54 anos, saiu cedo de casa, nesta sexta-feira, para se juntar à multidão que se aglomerou em frente à Igreja Nossa Senhora da Lapa, no Ribeirão da Ilha. Enfrentou o cansaço, o friozinho e quase esqueceu das dores nas pernas. Mas não podia perder a história que é encenada ali há 30 anos e que ela já conhece de cor cada detalhe do início ao fim.
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Cerca de 130 atores e figurantes da comunidade do Sul da Ilha deram vida aos últimos dias de Jesus na Terra, uma das mais conhecidas passagens bíblicas da crença cristã. O espetáculo da Via Sacra teve a duração de duas horas e foi acompanhado por aproximadamente 3,5 mil pessoas, conforme levantamento da Guarda Municipal.
Não havia espaço para todo mundo. Mesmo assim, todos queriam acompanhar a história do homem que foi pregado na cruz e ressuscitou ao terceiro dia – o domingo de Páscoa. Nem os pipoqueiros e vendedores de churros , pastéis e refrigerantes resistiram e, volta e meia, espichavam o olho para o alto da escadaria da Igreja. Dois telões posicionados ao lado da praça Hermínio Silva ajudaram o público a assistir ao espetáculo.
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– Só a fé explica isso. Jesus sacrificou da própria vida pela gente e sempre é um conforto ver e rever de novo essa história – diz Adélia.
Na abertura do espetáculo, a encenação falou diretamente com os jovens _ em sintonia com o tema da Campanha da Fraternidade deste ano. Em minipeças foram contadas as histórias de Samuel, Ester, José e Salomão, jovens confiados por Cristo que fizeram a diferença no mundo.
A ideia, segundo os organizadores, era reforçar a importância e a capacidade do jovem como atuante da sociedade, exemplificados pelos movimentos das Diretas Já e do impeachment do ex-presidente Fernando Collor. Chamadas de irmãos, as 241 vítimas da Boate Kiss, de Santa Maria, também foram lembradas.
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A Via Sacra do Ribeirão da Ilha é encenada por jovens ligados aos trabalhos da pastoral da paróquia local. A primeira apresentação ocorreu em 1983 e contava com apenas 20 personagens.