Vinte e oito famílias em condições precárias de moradia ergueram uma ocupação neste final de semana em um terreno baldio no bairro Monte Cristo, região continental de Florianópolis. São 15 pequenos barracos construídos com madeira e lona preta, onde estão cerca de 100 pessoas, entre elas dezenas de crianças. Os moradores dizem que desde 2006 aguardam a construção de moradias populares naquele local por parte da prefeitura.
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— Estávamos gastando todo o salário para pagar aluguel. E aí não sobrava nada nem pra comida. E nós temos quatro filhos. Se a gente for pra rua, o Conselho nos tira as crianças — lamenta uma das moradoras da ocupação identificada apenas como Valéria, que está desempregada.
— São pessoas que estavam sendo despejadas de suas casas, muitos vivendo amontoados junto com outras famílias sem dignidade. Uma mãe estava morando em um corredor com a filha, num ambiente sem janela, úmido, totalmente insalubre — relata Tayliny da Silva, moradora de outra ocupação no Monte Cristo e uma das lideranças do grupo.
Segundo Taylini, no sábado, dois fiscais da prefeitura acompanhados da Polícia Militar foram até a ocupação exigir a saída das famílias. Mas conforme a advogada dos moradores, Luzia Cabreira, o terreno é particular. Ela conta que há 12 anos foi firmado um contrato entre o Município e o Lar Fabiano de Cristo, uma ONG de caridade que cedeu aquele terreno para a prefeitura construir moradias e uma área de lazer.
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— O contrato tem uma cláusula que, caso uma das partes descumpra, esse contrato se rescindia. Nós estamos em 2018 e nada foi feito — argumenta.
A direção do Lar Fabiano preferiu não se manifestar. A entidade se resumiu apenas a informar que a questão está sendo analisada pelo departamento jurídico. O terreno fica anexo à ONG e estava tomado pelo mato e animais como ratos e cobras. Os ocupantes roçaram o local antes de erguerem os barracos sobre a terra. A ligação elétrica está sendo feito através de casas de vizinhos. Não há água nos casebres, que possuem muitas vezes apenas uma cama. Os moradores pedem doações de alimentos não perecíveis, materiais elétricos e hidráulicos.
— Quem tem direito de entrar com qualquer ação é o Lar Fabiano, o que eles provavelmente não vão fazer porque já era uma área destinada à habitação — acredita a advogada Luzia Cabreira.
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A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal do Continente. O setor de fiscalização da pasta informou que a ocupação foi embargada e que está prevista uma reunião na quarta feira (02) para que seja tomada uma posição sobre o assunto.