Cerca de 100 famílias foram despejadas pela Polícia Militar de um terreno ocupado na comunidade Frei Damião, em Palhoça, na Grande Florianópolis. O caso ocorreu na manhã desta sexta-feira (4). Conforme a PM, pelo menos 70 “barracos” em construção foram derrubados em um cumprimento de mandado judicial. Uma das moradoras da chamada ocupação Elza Soares afirma que eram cerca de 80 casas, em que moravam 100 famílias, com pelo menos 120 crianças no local.
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De acordo com o comandante do 16° Batalhão de Polícia Militar de Palhoça, Rodrigo Carlos Dutra, as casas construídas não eram habitadas. Ele afirma que a polícia prestou apoio ao oficial de justiça no cumprimento de mandado judicial de reintegração de posse da 2° Vara Cível da Comarca do município.
Alguns moradores, no entanto, contestam. Segundo Jussara Pereira de Lima, moradora da ocupação Elza Soares e coordenadora da União de Negros e Negras pela igualdade (Unegro-SC), algumas famílias já estavam morando nas casas construídas, enquanto outras dormiam em uma barraca de lona montada no terreno. Ainda havia, segundo ela, outras 300 pessoas em uma lista para casas que ainda seriam levantadas.
Segundo a moradora, apesar da forte presença policial, não houve resistência e ninguém se machucou.
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— Eles chegaram era 4h e pouco da manhã, com a cavalaria, Bope, choque, moto, canil, como se fosse uma guerra. Quando eles chegaram tinham mais mulheres ali, porque os maridos já tinham saído para trabalhar. Eu falei que eles não podiam invadir assim, que tinha que tirar as crianças primeiro — conta.
Conforme a moradora, não houve tempo para tirar todos os pertences do local, e por isso muita coisa foi perdida.
— A gente não foi avisada, não teve nem 24h de aviso. Eles falaram que iam dar tempo e na hora começaram com duas máquinas. A gente perdeu sofá, roupa de cama, camas, a gente tirou pra fora o que deu — descreve.
A ocupação Elza Soares permaneceu no local, em uma barraca de lona do lado oposto da rua, após o despejo. Jussara critica o fato de que o mandado judicial teria sido emitido em nome de uma empresa de reciclagem que segundo ela fica apenas em uma parte do terreno. Ela diz que eles pretendem ocupar novamente o espaço.
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Por meio do perfil Ocupa SC nas redes sociais, a ocupação Elza Soares disponibiizou maneiras de ajuda para as famílias. Conforme a publicação, “as demandas mais urgentes são a garantia do almoço – está sendo organizada a compra de marmitas – e de um espaço coletivo onde possam sair da chuva e guardar seus pertences” escreveu a publicação.
- Lona, pallets, colchões e travesseiros;
- Marmitas, cestas básicas e alimentação no geral;
- Produtos de higiene;
- Doações em dinheiro via PIX.
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