O que uma escola precisa para ser um local de aprendizado por excelência? Ter áreas limpas, acolhedoras, organizadas e seguras? Pode ser um bom começo, mas os centros de educação infantil (CEIs) de Joinville estão pelo menos dois passos à frente: aproveitam cada pequeno cantinho do pátio e até dos estacionamentos para criar novos espaços pedagógicos baseados na vida real e envolvem pais, alunos, professores e até a comunidade na missão de educar.

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A reportagem de “A Notícia” visitou quatro CEIs em diferentes regiões da cidade para conhecer esses ambientes. Construídos com materiais simples, estes ambientes atraem os alunos para experiências que vão muito além do que é trabalhado em sala de aula. Garrafas pet viram uma casa, tubos de PVC se transformam numa máquina de sons e comunicação àa distância, pneus e materiais reciclados ganham forma em um parque extrassensorial e até um barco ganha a missão de espionar do lado de fora da escola e denunciar agressões ao meio ambiente.

É o que aconteceu no CEI Espinheiros, no bairro de mesmo nome, na zona Leste de Joinville. Depois de enfrentar várias vistorias da Vigilância Sanitária por causa do lixo e até de cobras que invadiam o terreno da escola, os professores, pais e alunos se empenharam numa missão para evitar até a interdição do espaço.

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O barco levou quase um ano para ficar pronto e faz parte da etapa final do Projeto Na Enchente da Maré – Uma Aventura no Berçário do Mar, contemplado com o Prêmio Embraco de Ecologia no final de 2013. De lá para cá, a iniciativa, que partiu da professora Kelly Cristine Dias, foi abraçada por todo o CEI. As crianças foram envolvidas em atividades de conscientização, os pais participaram de palestras e foram promovidos mutirões de limpeza. Agora, os pequenos marujos estarão sempre de olho no manguezal.

Com binóculos e lunetas, os alunos observam se alguém depositou lixo, entulho ou mesmo causou qualquer agressão ao mangue que fica atrás da escola. A atividade é monitorada, registrada e já foi case de sucesso para outras unidades de educação. Os alunos não apenas aprendem sobre o meio ambiente, mas desempenham um papel ativo na comunidade inteira.

– Eles chamam a atenção dos pais, dos vizinhos, não deixam ninguém jogar lixo aqui – diz a professora Kelly Cristine Dias, que deu início ao projeto pedagógico.

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Foram mais de dez meses de trabalho, envolvendo a Polícia Ambiental, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e até empresas da região. Hoje, até alunos de outras escolas e CEIs visitam o projeto.

– Infelizmente, o problema não está totalmente resolvido. Ainda tem quem venha jogar lixo e entulho. Mas acreditamos que um dia isso possa estar bem resolvido – diz a professora.

CEI Alegria de Viver, no Paranaguamirim

Entrar numa casa feita de garrafas pet já seria uma experiência para repensar o consumo, mas entrar numa casa de garrafas pet que ainda serve de espaço para exposição de trabalhos científicos feitos pelos próprios alunos é incrível. O lugar é um dos destaques do CEI da zona Sul. Mas também há um viveiro gigante, com mudas e plantas que os alunos cultivam. Um corredor da escola, que antes servia apenas para a passagem, agora é uma trilha cheia de sensações. Cada metro quadrado tem elementos que servem ao aprendizado.

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CEI Espinheiros, anexo ao Caic

O barco-espião é o xodó da criançada. Nele, as turmas se mobilizam para impedir que o mangue que fica atrás da escola seja transformado em depósito de lixo e entulho. O projeto é um modelo para várias ações ambientais da rede municipal. Mas também uma horta com produtos cultivados pelos alunos, um parque com obstáculos que incentivam os movimentos e até uma pista de motocas, para os alunos menores se divertirem e aprenderem noções básicas de trânsito.

CEI Cachinhos de Ouro, em Pirabeiraba

O CEI Cachinhos de Ouro parece um mundo encantado. Além dos projetos tradicionais, a direção criou espaços em que as crianças podem “colher” livros como se fosse num pomar. E “saboreá-los” sentadinhos em pneus pintados de rosa, na sombra. Os livros ficam ao alcance das mãos dos pequenos. Também há um salão de beleza que funciona quase como um camarim de teatro, com roupas e fantasias para que os alunos possam experimentar. Um parque criativo divide espaço com uma estação de tratamento de água com sons musicais e, com a participação dos pais, até uma recepção confortável foi construída com material reciclado.

CEI Miraci Deretti, no Espinheiros

Andar pelo terreno onde está o CEI é uma experiência única. Há casas de madeira, um parque de pneus reciclados, obras de arte pintadas nas paredes e muros, uma horta em que os alunos acompanham o desenvolvimento de cada plantinha e um parque de sons, feito com tubos de PVC. Em vez de pedras e um terreno para as crianças correrem livremente, há texturas, trilhas, montes artificiais e gramados.

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