Os três centros comunitários de Joinville, que ficam nos bairros Costa e Silva, Itaum e Iririú, podem fechar as portas por falta de dinheiro para pagar contas e manter as atividades. Juntos, atendem a cerca de 4,5 mil pessoas por semana, oferecendo aulas de dança, ginástica, artes marciais, cursos profissionalizantes, além de grupos de idosos e clubes de mães. Nem todas as atividades são gratuitas, mas cobram valor social, abaixo do de mercado. Até 2014, as unidades contavam com convênio do Governo do Estado para a manutenção dos espaços e pagamento de funcionários. Mas, em 2015, o convênio não foi renovado.

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A unidade do bairro Costa e Silva atende hoje a cerca de duas mil pessoas por semana, oferecendo aulas de karatê, ginástica, dança, violão, teatro e informática, cursos profissionalizantes, atendimento médico e odontológico, além de grupos de idosos e clubes de mães. Mas, de acordo com a gerente administrativa, Glauceli Faust, a unidade não consegue manter esses serviços sem o repasse do Estado.

Glauceli explica que o centro recebia R$ 41,34 mil por ano do Estado e que este valor é fundamental para que a unidade consiga se manter sem entrar com a conta no vermelho. Além do repasse, o centro recebe convênio da Prefeitura de Joinville para a manutenção do grupo de idosos e também conta com dinheiro que recebe das mensalidades.

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– Até agora, tínhamos uma reserva. Só que este dinheiro acabou. As contas estão em dia até aqui. Mas a diretoria prefere fechar as portas e encerrar o atendimento, a deixar faturas atrasadas. Sem a ajuda do Estado, não tem como continuar – explica a gerente.

Os professores que atuam no centro comunitário, fundado em 1980, não são funcionários da entidade. Ficam com 70% do valor cobrado na mensalidade. Os outros 30% ficam para a unidade. De acordo com a gerente, neste ano, o valor arrecadado com as mensalidades garante R$ 7 mil por mês. Mas, explica ela, as despesas mensais ficam perto de R$ 15 mil para a manutenção do espaço, o pagamento de quatro funcionários, compra de materiais de limpeza e de escritório e a manutenção dos grupos.

No Centro Social Urbano do Itaum a situação não é diferente. De acordo com o diretor-presidente do conselho comunitário do Itaum, Paulo Henrique Bez Batti, responsável pela unidade, o centro está com contas e salários atrasados e pode acabar fechando se não voltar a receber ajuda.

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– Estamos falidos. Peguei empréstimo para pagar salários de funcionários. Estamos lutando para não fechar as portas, mas a situação está difícil – diz Bez Batti.

A unidade, que atende cerca de 1,2 mil pessoas por semana, recebia R$ 111 mil por ano do Estado. As despesas do espaço ficam em torno de R$ 8 mil, com manutenção e pagamento de funcionários. Para aumentar a receita, o centro está alugando a quadra de futebol e o salão de festas para eventos.

Sem condições

Para o presidente do conselho comunitário do Iririú, José Amilton Pereira, o Zezinho, como é mais conhecido, os centros comunitários só estão em funcionamento hoje porque contam com ajuda da comunidade. A unidade do Iririú recebia R$ 54,3 mil do Estado. O dinheiro, assim como nos outros espaços, era usado para pagar os três funcionários, comprar material de limpeza e na manutenção da unidade. As despesas mensais custam, em média, R$ 24 mil.

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– Temos condições de nos mantermos este ano, mas, depois, não sei o que vai acontecer. Estamos promovendo eventos e alugando a estrutura, como quadra de futebol, para garantir renda.

Contraponto

Em nota, o governo do Estado, por meio da Agência de Desenvolvimento Regional (ADR) de Joinville, informou que todos os valores de convênios celebrados com os centros comunitários dos bairros Costa e Silva, Itaum e Iririú foram pagos por meio da ADR de Joinville. Informa também que as prestações de contas foram realizadas pelas direções dos espaços.

Os recursos disponibilizados aos centros comunitários eram do Fundo Social, descentralizados para a ADR. Devido à contenção de despesas, não teve celebração de novos convênios para o período de 2015, nem de 2016 e não há previsão para que seja refeito. Porém, os últimos pagamentos de convênios relativos ao período de 2014 foram pagos dentro da vigência dos contratos, tendo sido cumprido o compromisso do Estado.

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Para o Costa e Silva, a última parcela foi paga em 14 de abril de 2015, referente ao convênio que encerrou em 25 de abril de 2015. Para o Iririú, a parcela final foi paga dia 14 de abril de 2015 e convênio encerrado em 29 de junho do mesmo ano. No Itaum,

a emissão do último pagamento é de 21 de julho, e o convênio foi encerrado em 4 de outubro do ano passado.