Um estudo realizado pelo Núcleo de Estudos em Mobilidade Sustentável (Nemobis), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), mapeou a cidade com a análise do sistema cicloviário por meio do índice BEQi (Índice de Qualidade Ambiental de Bicicleta). A metodologia permite quantificar variáveis ambientais para identificar se uma localidade tem infraestrutura adequada e segura para o uso de bicicleta. As únicas ruas centrais que receberam índice acima de 50 (em condições pelo menos regulares) foram a Lages, a Max Colin e a Duque de Caxias — todas elas tem trechos dentro do Centro e continuam em outros bairros.
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"Falta de conectividade, estacionamentos transversais e obstruções aparecem como algumas das deficiências nas vias analisadas", apontou a conclusão do estudo. Ele foi apresentado à Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável (Sepud) de Joinville, que já segue outros guias para implantação de rede cicloviária: em 2016, foi lançado o Plano Diretor de Transporte Ativo (PDTA), que engloba o Plano Diretor Cicloviário e o Plano Diretor Caminhabilidade. A proposta inicial do Plano Diretor Cicloviário era de chegar a 530 quilômetros de rede cicloviária na cidade até 2025, prazo que terá que ser alterado porque está muito distante para ser alcançado.
Segundo o presidente do Movimento Pedala Joinville, Luiz Antônio Carletto, a entidade defende que, no Centro, onde a velocidade é de 30 quilômetros nas ruas secundárias, existam ciclorotas. Elas já foram ativadas em parte da rua Quinze de Novembro, parte da rua do Príncipe e nas ruas Marinho Lobo e Rio Branco, e tem o conceito de ser um trajeto onde as bicicletas dividem espaço com os carros na via. Mas, efetivamente, elas ainda não funcionam como deveriam. A expectativa é que o Centro também ganhe espaços para ciclovias nas vias principais, como as ruas João Colin e Blumenau. Ao Pedala Joinville, foi prometido pelo Sepud que haverão ciclofaixas nos corredores de ônibus.
— O corredor de ônibus invadiria um pouco mais a via ao lado para possibilitar a ciclofaixa. São artérias da cidade onde realmente faz falta. O ideal mesmo nessas ruas seria ciclovias, para haver segurança — avalia ele.
O Pedala Joinville também quer espaço para as bikes no projeto do estacionamento rotativo, com a inclusão de um artigo que contemple bicicletários no centro. A intenção é que, a cada 50 vagas para carros, uma vaga do mesmo tamanho seja disponibilizada para bicicletas, com estrutura de bicicletário. Um projeto de lei também está em construção para que os estacionamentos particulares aceitem bicicletas.
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Joinville é considerada referência no sistema cicloviário: são 170 quilômetros de faixa cicloviária, o que a coloca à frente de 21 capitais brasileiras. Na cidade, esta extensão é contabilizada com ciclofaixas, ciclovias e ciclorrotas, além de espaços de calçadas compartilhadas com pedestres. Mas apenas as duas últimas podem ser vistas no Centro de Joinville, já que, segundo a administração pública, as ruas não tem tamanho para comportar o tráfego de veículos motorizados, pedestres e ainda oferecer uma faixa exclusiva para os ciclistas.