O antigo prédio da Escola Germano Timm volta a ser utilizado nesta terça-feira (17) após 12 anos de desocupação em Joinville. O Patrimônio Histórico da cidade vai abrigar as atividades do Saltare Centro de Dança, viabilizado por meio de um termo de permissão de uso do imóvel assinado pelo Governo de Santa Catarina em favor do Instituto Festival de Dança. A entrega da obra acontece quatro meses depois do início do restauro.
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Tido como um novo lugar para movimentar a dança em Joinville, a Saltare – palavra que, em Latim, significa dançar e movimentar o corpo de forma rítmica – vai possibilitar a disponibilização permanente de cursos de dança, ensaios de grupos, exposições, além de servir de incubadora para professores que desejam abrir suas escolas. O espaço vai contar ainda com quatro estúdios de dança de 72 metros quadrados (m²) e dois de 48 m², cafeteria, loja multimarcas e secretaria. Também haverá ambiente contendo o acervo histórico do Festival de Dança de Joinville.
É inclusive na data de abertura da 36ª edição do evento que as atividades terão início. O primeiro curso – Forró: Dança e Cultura – será ofertado a partir das 10h30, durante a programação do festival. O espaço também permanecerá aberto para outras atividades entre os dias 17 e 28 de julho, como oficinas, ensaios e lançamentos. Estão previstas aulas de Sapateado; Jazz; Dança Contemporânea; Dança Flamenca; Composição Coreográfica; Barra à Terre; Danças Populares e Preparação Física para Bailarinos.

De acordo com Ely Diniz, presidente do Instituto Festival de Dança, o Centro de Dança vem para somar à Capital Nacional da Dança, tanto na formação de novos talentos e no estímulo da modalidade quanto na criação de um centro de convívio, onde a arte será protagonista.
— Joinville tem alguns ícones culturais, temos o Festival de Dança, o Bolshoi Brasil, o Instituto Juarez Machado e agora o Centro de Dança, então não tem como esses ícones não conversarem entre si e fazerem com que efetivamente a arte pulse. É questão de os agentes que conduzem toda essa parte cultural da cidade, junto com outros projetos de governo, estadual e municipal, dialogarem e chegarem no ponto que a gente deseja: que Joinville seja uma marca de uma cidade cultural e artística — defende, Ely.
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A intenção é de que agora haja um planejamento de ocupação e que o início dos trabalhos no local estimulem a abertura de parcerias sociais e empresariais que viabilizem o desenvolvimento e a manutenção dos projetos. As contribuições espontâneas, inclusive, começaram com a própria reforma do prédio, que vem sendo com verbas de patrocínio e uma campanha de financiamento online.
Restauro e manutenção

A limpeza do imóvel tombado como Patrimônio Histórico de Joinville começou em março deste ano preservando as características originais da antiga escola, localizada na Rua Orestes Guimarães, no América. Segundo Victor Aronis, coordenador-geral do Instituto Festival de Dança, a maioria dos materiais da época foram reaproveitados e recuperados, como o telhado, as janelas e o assoalho.
— A primeira coisa que foi feita foi a limpeza do terreno, porque não conseguimos entrar no local devido até a ter árvores dentro das salas. A segunda etapa foi a descupinização das madeiras para que pudéssemos ver o que sobrava de tudo isso e para a nossa surpresa, sobrou quase tudo. Trocamos apenas oito madeiras do telhado, todo o resto do telhado é original. São madeiras da época e isso facilitou muito a obra, porque não foi preciso fazer todo o telhado novamente, a gente somente descobriu o telhado para ver o estado da madeira. A discriminação foi a parte mais demorada e a parte mais emergencial para que a gente tivesse noção da situação que o prédio se encontrava. Feito isso, quase tudo permaneceu no seu lugar e quatro salas das dez foram preservadas — conta ele.
A execução da obra contou com cerca de 50 profissionais de diversas áreas e os custos totais ainda não foram levantados, mas são avaliados entre R$ 400 mil e R$ 450 mil. Cerca de 20% do valor já foi conseguido por meio de contribuições, uma vez que o Instituto Festival de Dança de Joinville (IFDJ) é uma instituição sem fins lucrativos e todo o valor arrecadado pela entidade é destinada à organização do Festival de Dança de Joinville.
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Este financiamento coletivo em prol do Saltare Centro de Dança continua em aberto e qualquer cidadão pode contribuir (acesse aqui). As cotas de donativos variam de R$ 200 a R$ 5.000 e as doações podem ser feitas de qualquer lugar do Brasil diretamente pela internet, com pagamento por boleto ou cartão de crédito.
Além dessas contribuições em dinheiro, algumas doações de equipamentos e produtos para a obra também estão sendo realizadas. Foi o caso da Docol, fábrica joinvilense de materiais hidráulicos, que doou os metais economizadores de água com fechamento automático, registros e outras peças que serão usados nos banheiros e na copa do espaço cultural.
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