Pela primeira vez depois de quase três anos, a recepcionista Ivanita de Fátima Ricardo vai ficar longe das suas cinco cadelinhas. Mas será por uma boa causa. Elas serão castradas pelo Centro de Bem-estar Animal da Fundação Municipal do Meio Ambiente de Joinville (Fundema).
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Os animais de Ivonete foram os primeiros a serem recolhidos na Vila do Oca, localizada no distrito de Pirabeiraba, região Norte de Joinville. O Centro de Bem-estar começou nesta terça-feira um mutirão para castrar todos os 159 animais – em duas etapas – das 46 casas do vilarejo. Os trabalhos começaram ainda na semana passada com a triagem.
– Antes, estava com medo, por causa dos cuidados depois de uma cirurgia. Mas, as veterinárias conversaram comigo e explicaram que é para o bem delas – conta Ivonete.
O marido dela, Paulo Roberto Branco Antunes, também se comprometeu em ajudar na recuperação dos animais. As cadelinhas terão que tomar remédios e terão restrições para andar. Mas, eles garantem: a força-tarefa não será problema para eles. Os animais são a alegria da família. A cadela mais velha chegou na família há cerca de três anos e dela nasceram mais duas: Bolinha 1 e Aiza. Já Pretinha e a Bolinha 2 são fruto de doações.
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O procedimento cirúrgico de castração é rápido e não tem custo. No caso das cadelas de Ivonete, elas serão operadas e devolvidas nesta quarta-feira. Os medicamentos também são gratuitos e a única missão dos tutores é garantir a recuperação de forma tranquila e correta.
– O principal objetivo dessa ação é o controle populacional e evitar a disseminação de doenças. Além disso, a castração previne o câncer de mana, próstata e infecção do útero – explica a coordenadora do Centro de Bem-estar Animal, Camila Uller de Brito.
74 fêmeas serão castradas
Na primeira etapa do mutirão 74 cadelas e gatas serão castradas. As fêmeas são prioridade por causa da reprodução. Antes disso, os animais passaram pelo processo de desverminação. Ao todo, 85 cachorros e gatos machos serão castrados na segunda etapa do mutirão, que ainda não tem data.
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Estudante faz mapa de risco das famílias da Vila do Oca
O mutirão de castração dos 159 animais surgiu do trabalho de uma estudante e protetora de um curso de biomedicina de Joinville. Ela está fazendo um mapeamento sobre os riscos que as famílias da Vila do Oca estão expostas. Uma das constatações foi a grande população de gatos e cachorros com vermes.
– Como se trata de uma vila muito carente, e a maior parte dos animais anda na rua e dentro de casa ao mesmo tempo, nós verificamos esta necessidade e abraçamos a ideia – ressalta a veterinária Camila.
O mutirão é considerado uma conquista para a estudante que também está se mobilizando, junto de demais protetoras de animais, para levar doações de rações paras as famílias e intermediar doações de animais. De acordo com a universitária Laryssa Goedert, 21 anos, o trabalho tem como objetivo ajudar a comunidade.
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– Nós estamos fazendo uma pesquisa para saber qual é a fonte de renda das famílias, se elas têm acesso à saúde e se precisam de algum tipo de auxílio do Governo. Se for necessário, a gente corre atrás destes recursos para elas – explica Laryssa, que também faz faculdade de serviço social.
Aposentado cuida de 10 animais
Ter animal de estimação em casa é algo comum para as famílias da Vila do Oca. O aposentado Pedro Rosa, por exemplo, tem seis gatos e quatro cachorros. Apesar do carinho enorme por todos eles, o morador pretende doar nove.
– Não tenho como sustentar todos eles – conta Rosa.
O aposentado pretende ficar com apenas um cãozinho. Cacique é o xodó dele. Além de companheiro, o cão é o protetor da casa.
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– Ele é muito brabo, não deixa ninguém encostar em mim – complementa o aposentado.
Segundo a veterinária responsável pela ação, a previsão é de que eles sejam recolhidos até o final desta semana. Sete cadelas e gatas serão levadas. Camila argumenta que não há logística para recolher mais animais que isso por dia.