O Centro de Bem-estar Animal continua sem receber novos animais desde a interdição temporária, anunciada há duas semanas pela Prefeitura de Joinville. A unidade foi fechada provisoriamente por causa de um surto de cinomose, que atingiu 21 dos 59 cães acolhidos no local. Desde então, três mortes foram registradas. Segundo o município, ainda não há previsão para a reabertura da unidade.

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De acordo com a Prefeitura, os 18 cães ainda estão isolados dos demais animais e continuam recebendo tratamento contra a doença. Os outros permanecem em estado de quarentena para serem observados pelos veterinários. Com isso, novos animais deixaram de ser resgatados e a cidade ficou sem um local público para receber cães abandonados que estejam feridos ou vítimas de maus-tratos.

Esse problema motivou o Ministério Público a entrar com uma ação judicial para tentar obrigar a Prefeitura a manter o atendimento do Centro de Bem-estar Animal em outro local. Isso aconteceria por meio de parceria com a iniciativa privada ou outra forma, conforme escolha do município.

A Justiça deu um prazo de 72 horas à Prefeitura – a partir da notificação – para se manifestar antes de se decidir sobre o pedido do Ministério Público. Segundo a Secretaria de Comunicação do município, no momento a Prefeitura vai continuar com o atendimento preventivo e com a restrição dos serviços até a melhoria das condições dos animais.

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A reportagem de “AN” conversou com o veterinário Jorge Antonio Ferreira Riul para saber mais sobre a cinomose. Confira:

– O QUE É CINOMOSE?

A cinomose é uma doença altamente contagiosa provocada por um vírus que atinge a população canídea. A cinomose pode atingir cachorros de qualquer idade, sendo mais suscetível nos jovens.

– COMO É A TRANSMISSÃO?

A transmissão é pelo ar e pelo contato direto. Acontece da mesma maneira que os seres humanos contraem gripe. Ou seja, o cachorro não precisa sair do canil para pegar cinomose. Ele pode pegar pelo ar, por exemplo. Se houver contato direto de cachorros não vacinados com o animal doente, a propagação é muito mais rápida e a probabilidade de pegar a doença é ainda maior.

– É UMA DOENÇA APENAS DE CACHORROS?

Ela atinge todos os canídeos, como cachorros, lobos e raposas. É raro seres humanos contraírem a doença. O veterinário nunca conheceu alguém que tivesse cinomose. No canil, quanto maior a concentração de população, maior o índice de transmissão e os riscos são ainda maiores.

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– CÃES VACINADOS PODEM SER CONTAMINADOS?

Depende do tipo de vacina. Tem aquelas que são mais idôneas e outras menos. No entanto, as vacinas menos idôneas são melhores do que nada, de acordo com Jorge.

– CÃES DEBILITADOS SÃO MAIS PROPENSOS?

Ele são mais propensos porque, assim como toda virose, a cinomose está ligada ao sistema imunológico.

– QUAIS OS SINTOMAS?

A cinomose tem uma tendência a caminhar para o sistema nervoso central. Geralmente, começa com febre, catarro nasal e ocular, e tosse. Se não for tratado, vai evoluindo para uma fase nervosa que causa sequelas parecidas com as que podem acontecer em uma pessoa que sofre derrame. Dependendo do lugar em que se instalar no sistema nervoso também pode ter consequências em algum órgão.

– QUAL O TRATAMENTO?

O único meio preventivo são as vacinas. Na fase jovem, são três doses, e depois o animal é vacinado anualmente. O tratamento é sintomático e exige soro hiperimune e antivirais. É um tratamento em que o veterinário vai percebendo a resposta que o cachorro apresenta para saber se está satisfatório ou não.

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– A DOENÇA PODE LEVAR A MORTE?

A doença pode levar ao óbito, ou causar sequelas. A taxa de mortalidade é alta porque o vírus vai se modificando.