Centenas de zumbis invadiram a Praça XV no Centro de Florianópolis na tarde desta sexta-feira. A Polícia Militar não tem ideia de quantos eram, e reclama que o evento não foi planejado adequadamente e não foi pedido acompanhamento da PM. Para qualquer um que tenha passado pela praça entre as 15h e às 17h30m, durante a concentração dos mortos-vivos, fica claro por quê. A Zombie Walk Floripa foi composta por uma imensa maioria de adolescentes e jovens que esperavam já encontrar o evento organizado, não organizar eles mesmos o que quer que fosse.
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Com roupas rasgadas, muito sangue artificial, lentes coloridas, maquiagem simulando feridas, dentes falsos, machados de borracha e tudo mais que vai nessa linha, o público que atendeu ao evento internacional realizado pela sexta vez em Florianópolis acabou transformando o centro histórico da cidade em uma festa a céu aberto. Apesar de vestidos de zumbis, o objetivo não era assustar, muito menos horrorizar, mas encontrar os amigos num ambiente atípico, para conversar, beber, fumar… Essas coisas todas que as pessoas já fazem em festas (e praças) todos os dias.
Confira o vídeo com imagens do Zombie Walk Floripa
Os alunos da Escola Getúlio Vargas, do Saco dos Limões, marcaram presença. Numa galera que tinha entre 13 e 17 anos, eles resolveram juntar os amigos e participar.
– Mas eu esperava música, decoração – dizia Manoela, de 15 anos.
Já Geovana, aluna do Coleginho, participou da Zombie Walk sem os pais saberem.
– Eu estou aqui escondida. É que eles acharam que devia ter algum responsável com a gente – declarou a menina de 13 anos, que é fã de zumbis e estava achando muito realistas as fantasias.
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De mãos dadas com o namorado, será que a intenção era ter uma tarde romântica?
– Não, eu vim com uma amiga, não sabia que ele vinha.
Bom, pelo número de casais passeando pela praça, parece que muita gente achou que sim. E pelo número de garrafas de vodka barata que ficaram pelo chão, não dá para dizer que os pais de Geovana estavam errados.
Os zumbis de Florianópolis são assim, atípicos. Queridos, ofereciam abraços, não podiam ver uma câmera que já faziam pose, trocavam receitas de sangue artificial (é melhor com corante artificial ou misturando mel e tinta?).
Atrapalharam também. Causaram congestionamento na Avenida Beira-Mar, mexeram com os carros. Perturbaram o sossego do Seu Irival, da banca de jornal da praça XV, que passou o dia atendendo adolescentes ensanguentados.
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– Esse povo todo sujo – como ele mesmo disse.
Podia ter sido um dia de liberação, de negar padrões, de experimentar outra realidade. Mas é que maquiagem não costuma resolver questões adolescentes. Que os digam os amigos que resolveram comprar na banca do seu Irineu, mas com vergonha do sangue nas roupas, disputavam na entrada:
– Ah, não, entra você, compra para mim, por favor.
– Só entro se você entrar. Vem comigo.
E pensar que os zumbis costumavam invadir cidades inteiras sem pedir licença. rari