A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza divulgou dados do último censo internacional de papagaios-de-peito-roxo (Amazona vinacea), que registrou 3.920 aves. A ave pode ser encontrada em três países da América Latina: no Brasil, na Argentina (Missiones) e no sudeste do Paraguai. Foram realizadas contagens em todos os Estados onde a espécie ocorre, de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul, além dos países vizinhos.
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O censo constatou que 93% da população da espécie está no território brasileiro e, desse total, 60% encontra-se em Santa Catarina. O Estado mantém quase um terço do remanescente de Floresta com Araucárias, ecossistema da Mata Atlântica que é o habitat preferencial do papagaio-de-peito-roxo. Na Argentina foram registrados 252 papagaios e no Paraguai, 23. O censo é realizado pela equipe do Projeto Charão, com apoio da instituição.
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Segundo a fundação, o número é positivo, pois indica crescimento de mais de 30% em relação à contagem realizada no ano passado. Mas a espécie ainda é classificada como “em perigo” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), principal autoridade para a classificação do risco de ameaça de espécies no mundo.

Segundo a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes, a existência de uma espécie está diretamente ligada à conservação de seu habitat. No caso do papagaio-de-peito-roxo, a espécie corre sérios riscos, já que o seu local de maior ocorrência, que é a Floresta com Araucárias, conta hoje com apenas 3% da cobertura original.
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O pesquisador da Universidade de Passo Fundo Jaime Martinez explica que o papagaio-de-peito-roxo e as araucárias (Araucaria angustifolia) têm uma relação de dependência mútua. Ao se alimentar, a ave transporta a semente das árvores, que muitas vezes cai no chão e germina.
O Projeto Charão estuda atualmente o papagaio-de-peito-roxo e o papagaio-charão (Amazona pretrei), muito comum na Serra catarinense.
Para auxiliar na conservação dos papagaios, são realizadas várias ações. Essas aves utilizam ocos das árvores para a reprodução, cada vez mais raros na natureza, pois estão normalmente associados a florestas com melhor grau de conservação. Um dos focos do trabalho é a melhoria do habitat para a reprodução, o que inclui a conservação de árvores velhas nas propriedades rurais, e a instalação de caixas-ninho.
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Só neste ano, serão 100 nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Desde 2002, o projeto já instalou 600 caixas-ninho no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, sendo 400 para o papagaio-charão e 200 para o papagaio-de-peito-roxo.
O projeto atua com o governo de Santa Catarina para a criação de um corredor ecológico que passa pelos municípios do Planalto Serrano catarinense, onde as espécies são mais presentes. Também está prevista para 2017 a inauguração de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) no município de Urupema (SC), a RPPN Papagaios-de-altitude.
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Além da Fundação Grupo Boticário, o Projeto Charão conta com outros parceiros: o Instituto Estadual de Florestas (IEF), o Espaço Silvestre, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade de Passo Fundo (UPF), o Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA), a Sociedade de Pesquisa em Vida Silvestre e Educação Ambiental (SPVS), a Universidade de Chapecó (Unochapecó), a Guyra Paraguay [Paraguai], a Associación Ornitológica del Plata [Argentina] e o Proyecto Pino Paraná [Argentina].
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