Quando se ia às urnas no feriado de 15 de novembro e se tinha certo respeito à Lei Seca, trabalhava e morava em Blumenau. No feriado com eleição, deu meio-dia, saí com um colega para almoçar e encontramos tudo fechado. Fomos caminhando do Centro até o bairro Garcia, na certeza de que em sua casa haveria ingredientes para lauta refeição. No caminho, ele bateu na janela de um bar. Um conhecido seu que, respeitoso, fechara a casa naquele dia, o atendeu. Levamos um litro de aguardente camuflada junto à roupa. Na cozinha, havia um pé de alface e pouco mais que o equivalente a um pires de feijão secando no fundo de uma panela. Foi o nosso almoço. Na saída, deixamos a garrafa na lixeira e fomos à agência dos Correios pegar um papel para justificar por que não votaríamos em Joinville. E voltamos ao batente, mais à espera do jantar do que dos resultados das urnas.
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Antes de as pesquisas assumirem lugar de vedetes na corrida eleitoral, Isabel Barreto tinha seus próprios métodos de antecipar o resultado. Caminhava até a roça, foice à mão, e selecionava dois jovens pés de banana. Decepava-os habilmente. Um golpe para cada, cortados na mesma altura, medidos com o rigor da régua e do compasso. E dava a eles os nomes dos candidatos: “Este é o Licovino Guedes. E este, o dr. Beledano Palhares”. Batizava-os e saía, voltando dali a dez dias. O nome junto ao broto que crescesse antes seria o vencedor. Não se tem notícias, nos guardados de vovó, das estatísticas de erros, acertos ou empates técnicos. Mas ela era “instituto” muito requisitado por curiosos e apadrinhados.
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Pergunta-nos um colega, aparentando real preocupação, como serão as relações, a partir de segunda-feira, entre os políticos que ora se digladiam como Tom e Jerry. Inocência! Acha-se mesmo que a beligerância seja “às veras”? Udo agora bate no Estado, a quem beijava as mãos até outro dia. A maior autoridade a representar o agora agredido Estado em Joinville é a secretária regional, que é presidente do PMDB de Joinville, o partido de Udo. Darci é do PSD, partido de governador, que é patrão da secretária, mas esta não defende o patrão e o seu candidato porque seu prefeiturável é outro. E Darci sairá desta tão governo quanto entrou, cá ou lá, independentemente do resultado. E todos se dirão parceiros. Eis o teatro da vociferação, que agora vê descer seu pano.
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Não dá para sustentar ilusões. Escolhido o voto entre as quatro opções (A, B, branco e nulo), agarremo-nos com os nossos santos protetores e com o labor diário, torcendo por luz e responsabilidade ao eleito na relação com os excessos de seus discursos feitos no afã de ganhar voto. Neste domingo, como naquele episódio antigo, é esperar pelo jantar, mais do que pelo escrutínio.