Amilton Gazzo e Eloisa Possebon Gazzo*

Compartilhei, há poucas semanas, no Facebook, uma frase do saudoso Maria Quintana que chamou a minha atenção: “Viajar é mudar a roupa da alma”. Talvez uma das vestes mais bonitas que nossa alma já vestiu nos últimos anos foi produzida na natureza exuberante do Deserto de Atacama. É um lugar grandioso, difícil de descrever. Lá, nossas convicções sobre a existência de Deus são plenamente confirmadas.

Continua depois da publicidade

Viajamos em 2009, via Santiago, com mais um voo até Calama, onde um transporte já contratado leva os visitantes até São Pedro de Atacama. Ao chegar, o primeiro pensamento é: o que vim fazer aqui? Parece um pouco filme de Velho Oeste. Ruas de chão batido, poeira, e construções simples se misturam com um grande número de pessoas circulando pelas ruas.

São Pedro de Atacama é somente a porta de entrada de um local completamente diferente de tudo aquilo que conhecemos. Apesar de isolada no coração do deserto, tem uma vida agitada e é ponto de encontro de turistas, fotógrafos, astrônomos, cientistas, pesquisadores e aventureiros do mundo inteiro.

Ao entrar no nosso hotel, a primeira surpresa. O interior, rústico mais muito bem decorado, nos convidava a ficar. E isso aconteceu com as demais construções, toscas por fora e acolhedoras no interior. Grande parte de nossos passeios estavam organizados (mas é possível contratar no local). Cada atividade nos surpreendia e encantava mais. A gente não consegue imaginar que terra, pedra, areia, podem produzir cenários tão maravilhosos.

Continua depois da publicidade

Vale da Lua, Vale da morte, Gêiser Del Tatio, povoados como Socaire e Tocanao foram locais que nos seduziram. O passeio para conhecer as Lagunas Altiplanicas e os vulcões (Miscanti e Miniques) superou todas as expectativas. Sob o sol, a água adquire diferentes colorações. As montanhas e os vulcões parecem aveludados, e nós ainda fomos brindados com a neve na cordilheira, que havia caído na noite anterior. Outro programa diferente, que nos deixou emocionados, foi um tour astronômico feito à noite para observar a lua e um céu pleno de estrelas brilhantes.

A flora e a fauna também se destacam. Vicunhas, guanacos, lhamas, alpacas são encontrados com frequência. A beleza dos flamingos com sua plumagem rosada contrastam com a superfície branca e enrugada do Salar de Atacama, uma imensa planície formada de cristais de sal. Visitamos também uma “floresta de cactos” com espécies que podem atingir 10 metros de altura.

A comida típica chilena, e os deliciosos vinhos, renovavam nossas energias para as caminhadas em busca de novas paisagens.

Como nosso passeio aconteceu próximo à Páscoa, participamos de várias cerimônias religiosas na igrejinha de São Pedro de Atacama (1745). O teto feito com pranchas de cactos, presas por couro de guanaco, palha e barro abrigava um povo fervoroso que conserva até os dias atuais algumas tradições indígenas e incas.

Continua depois da publicidade

O vento, o sol, o sal, as variações da temperatura, podem até cansar o corpo, mas o efeito curativo para a alma é profundo. Ao retornar, ficamos renovados. Experimente!

*Nutricionistas, vivem em Canoas

Confira outras fotos do Deserto do Atacama: