A Prefeitura de Florianópolis recorreu a um plano de contingenciamento de despesas para não colocar em risco o 13º salário dos servidores no final do ano. Isto porque o balanço das receitas e despesas do município entrou no vermelho entre abril e junho. Ou seja, a administração gastou mais do que arrecadou nos últimos três meses. Assim, a prefeitura determinou o bloqueio de R$ 185,8 milhões no orçamento que estava previsto para o ano.

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O colunista Rafael Martini analisa a situação das finanças na Capital:

Cenário de poucas escolhas em Florianópolis

O Brasil vive desde 2015 uma crise econômica gravíssima e o reflexo se dá diretamente nas contas públicas. Os governos municipais, estaduais e nacional não geram receita. Sua fonte orçamentária vem dos impostos. Com a recessão, a queda na arrecadação foi brutal. E os reflexos podem ser vistos no cotidiano na qualidade da prestação de serviços elementares como saúde, educação e segurança. Isso não é uma realidade de Florianópolis, mas da quase totalidade dos mais de 5 mil municípios brasileiros.

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Quando disputou a eleição ano passado, Gean Loureiro (PMDB) sabia da situação calamitosa das contas da Capital. Depois da vitória, teve mais dois meses de trabalho conduzindo a comissão de transição antes da posse. A tese de que o rombo era maior do que imaginava pode colar para o consumo externo, mas é injustificável aceitar que um político conhecedor da estrutura da máquina administrativa da Capital como ele, ainda fosse surpreendido por novas dívidas.

O contingenciamento é mais uma medida para assegurar ao menos o pagamento em dia dos salários dos servidores, incluindo-se o 13º. O prefeito tem cobrado, inclusive, criatividade dos secretários para evitar que a contenção dos repasses afete ainda mais os serviços municipais. O cenário que já era ruim, com telefones cortados nas repartições e até falta de insumos como papel A4, tende a piorar sensivelmente. Mas não há escolha: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.