Quase 40 anos uma cena se repete no esporte brasileiro. A impressionante imagem da perna esquerda de Anderson Silva fraturada durante a luta contra o norte-americano Chris Weidman, na madrugada de domingo, nos remete a um lance semelhante vivido pelo atacante Mirandinha, que teve a perna quebrada praticamente no mesmo lugar, após uma dividida com o zagueiro Baldini, do América, em uma partida disputada em dezembro de 1974. O registro feito por Domício Pinheiro, do Estadão, é um momento extraordinário do jornalismo.

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Voltamos a 2013. O drama vivido pelo lutador levantou um debate nas redes sociais e nas ruas sobre a superexposição da imagem da perna partida ao meio. No que concerne ao jornalismo, trata-se de uma imagem histórica, que vai ficar marcada no esporte para sempre. Portanto, acredito que é importante permitir ao leitor ver a cena de um momento importante do esporte mundial e de um atleta que é quase um mito dentro do MMA.

O leitor não deve ser privado desse registro histórico, até porque, tal e qual ocorreu com Mirandinha, outro lance parecido pode ocorrer no futuro e o anterior será lembrado como referência.

Outro momento marcante foi a contusão de Ronaldinho, quando a rótula de seu joelho direito saiu durante uma partida da Inter de Milão contra a Lazio, pela Copa Itália de 2000. Ronaldinho se recuperou daquela cena assustadora, voltou a jogar e foi levou o Brasil ao pentacampeonato mundial em 2002.

Seis anos depois, o brasileiro naturalizado croata Eduardo da Silva sofreu uma fratura exposta na perna esquerda, enquanto defendia o Arsenal, após entrada criminosa do zagueiro Martin Taylor, do Birmingham. O caso levou o presidente da Fifa, Joseph Blatter, a cogitar a possibilidade de afastar o agressor pelo mesmo tempo em que o lesionado ficar fora dos gramados. Também neste caso, o atleta voltou a jogar futebol normalmente, mas apenas em 2009, após um ano de recuperação.

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Já Mirandinha precisou passar por várias cirurgias e só voltou a ser titular três anos depois, em 1977, sem conseguir desenvolver seu futebol como antes.

Enfim, imagens desagradáveis como estas também fazem parte do esporte e servem como ponto de partida para histórias fantásticas de recuperação ou dramas pessoais. Espero que Anderson Silva consiga superar os prognósticos de aposentadoria.