O Cemitério dos Imigrantes, em Pomerode, Vale do Itajaí, será incluído no roteiro de passeios turísticos do Centro Histórico da cidade em maio. O local foi protegido como patrimônio histórico pelo novo código urbanístico do município, em vigor desde o início do mês.
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As lápides e jazigos remetem às origens do município. No espaço, cedido pela comunidade evangélica para a prefeitura em 2003, o túmulo mais antigo data de 1898, 61 anos antes da emancipação do município. Para valorizar o que o local representa para a comunidade, o espaço será reaberto, mas não mais para velórios e sepultamentos.
Anexo à Igreja Evangélica do Centro, o cemitério sofreu interferência da vegetação, que cresceu entre os túmulos. Há cerca de 20 anos, as árvores foram cortadas e parte dos jazigos, destruída. No local, foram sepultados os primeiros imigrantes de Pomerode, época em que o município ainda era colônia de Blumenau.
– Tudo indica que Dr. Blumenau foi o doador do terreno para a construção do cemitério. A comunidade nunca viu o cemitério como um atrativo turístico e ponto de memória da cidade, mas queremos preservar o que restou da destruição ao longo dos anos – explica a responsável pela Divisão de Patrimônio Histórico de Pomerode, Roseana Lunghard.
Os últimos túmulos foram instalados na década de 1950. Maria Siebert, 70 anos, tem parentes sepultados ali. Na década de 1980, quando derrubaram árvores no local, ela desafiou motosserras para salvar a lápide do túmulo onde estava a tia do marido.
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– Conheci o cemitério quando estava intacto, protegido da destruição. É parte da história da cidade – reconhece.
A proteção do cemitério conta com assistência técnica do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan-SC). Outras 300 edificações têm proteção histórica em Pomerode, 19 são tombadas em nível estadual e 12 em nível federal. O único cemitério tombado pelo Iphan em Santa Catarina é o Cemitério Protestante de Joinville.
Preservação resgata memória
A restauração do Cemitério dos Imigrantes é uma reivindicação antiga, lembra o professor e historiador Uwe Hass, que defende a proteção do patrimônio há pelo menos uma década.
Na opinião dele, a promessa de recuperação do cemitério não foi vista como uma prioridade no passado. Apesar de parecer estranho incluir o espaço em um roteiro turístico, o professor considera positiva a ideia. Para ele, o material usado para os jazigos, as letras e a forma de construção dos túmulos servem como interessante fonte histórica.
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– Os nomes nas lápides são de pioneiros. Será uma referência e mais uma possibilidade de visitação para quem vem para cá. Com a preservação, é uma forma de as novas gerações conhecerem costumes daqueles que estão lá – considera.
Para a historiadora Roseli Zimmer, a conservação do cemitério é importante para o município porque ajuda a resguardar a memória da cidade. Além disso, é uma forma de demonstrar respeito aos precursores da cidade e a arquitetura típica da época.
– Ainda não temos organizado em arquivo histórico a relação dos primeiros imigrantes. Então, o cemitério é uma fonte de pesquisa – define.