Na maior parte do tempo, o silêncio no Cemitério Público Municipal Santo Antônio, em Itapema, é quebrado somente pelo balanço das árvores e pelo andar leve e silencioso de pessoas que visitam seus entes queridos.

Continua depois da publicidade

Além do Dia de Finados, o movimento e o barulho só aumentam no terreno da Rua 812, no Bairro Alto São Bento, quando há velórios e sepultamentos. Mas em breve estas cenas podem fazer parte do passado do cemitério. A administração do local calcula que hoje existam 5 mil túmulos ocupados _ restando apenas 15 vagas para novos enterros.

A superlotação dos jazigos chamou a atenção do vereador Mouzatt Barreto, que entrou com uma indicação na Câmara de Itapema sugerindo estudos técnicos para ampliar o cemitério. Outra alternativa proposta é a adoção de túmulos verticais, que ocupariam menos espaço e aumentariam a capacidade do Santo Antônio.

– A estrutura não comporta mais. Acredito que entre 30 e 40 dias vão acabar as vagas, por isso a preocupação é grande – comenta.

Continua depois da publicidade

As dificuldades são confirmadas e reforçadas pelo coordenador do cemitério, Márcio José dos Santos de Jesus. Ele informa que Itapema tem um índice de óbito de 15 a 18 pessoas por mês, totalizando mais de 180 mortes por ano. Diante desse cenário, a projeção é que o trabalho no local funcione normalmente por mais dois meses. Depois disso, a situação deve se agravar.

O município conta com outro cemitério, que fica no Bairro Ilhota e atende também algumas regiões de Camboriú. O terreno é usado para enterros há 80 anos, abriga menos de 1,5 mil sepulturas e está tão lotado quanto a unidade do Alto São Bento. Com pouquíssimos espaços vazios, o lugar não consegue amenizar os problemas de lotação funerária na cidade.

Alternativas

Uma alternativa discutida é a desapropriação de túmulos comprovadamente abandonados, o que garantiria a utilização do cemitério até agosto ou setembro. Cerca de 100 jazigos estariam nestas condições, mas a ideia esbarra na burocracia de convocar as famílias para identificar os túmulos.

Continua depois da publicidade

Segundo Márcio, a melhor opção é mesmo ampliar a estrutura, mas a abertura de vagas menores entre as fileiras já existentes não está descartada.

– Sempre digo que o cemitério é tão importante quanto a saúde e a educação. Imagina a família já estar enlutada, passando por um momento difícil e ainda não encontrar vaga para o sepultamento? – pondera o coordenador.

Outra forma de adiar a total lotação é o incentivo às famílias para que reutilizem os túmulos com mais de um parente. A prática vem sendo cobrada há pelo menos cinco anos, segundo Márcio.

Continua depois da publicidade

Túmulos abadonados devem ser reutilizados

A prefeitura de Itapema explica que o governo municipal já tinha consciência da situação do Cemitério Municipal Santo Antônio e trabalha para resolver o problema. Na próxima semana será publicado um edital pelo prefeito Rodrigo Bolinha, convocando as famílias donas dos túmulos abandonados a identificarem seus parentes.

Uma espécie de ossário deve ser construído para abrigar os restos mortais destes jazigos, permitindo o uso das antigas sepulturas para novos enterros. Conforme informações da administração municipal, com isso seriam abertas 120 vagas.

Alguns terrenos para ampliar o cemitério também estão sendo analisados para a compra, mas futuras obras dependem de licenciamento ambiental. As áreas, que ficam próximas do Santo Antônio, devem passar por um estudo de impacto ambiental, que depois será aprovado pela Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma). Só após todo esse processo técnico e burocrático é possível executar os trabalhos de ampliação, e por isso ainda não há prazo para o início da construção.

Continua depois da publicidade

A prefeitura considera ainda que, apesar das vagas disponíveis no cemitério serem poucas, elas atendem a demanda para os primeiros meses do ano em Itapema, não trazendo problemas imediatos aos sepultamentos.