– Foi arrepiante, uma das melhores sensações para quem participou e para quem viu o espetáculo.
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Mariane de Cássia Eleotério, 49 anos, fala sobre o espetáculo de abertura do Festival de Dança de 1988. Ela não era dançarina, nem a mãe dela, Maria Laura, nem o irmão, Edmilson, mas todos eles tiveram a oportunidade de participar de um dos espetáculos de abertura mais marcantes do Festival: o “Lamento dos Escravos”.
Com música-tema criada pelo maestro Tibor Reisner, da Orquestra Sinfônica Harmonia-Lyra, o espetáculo foi pensado e produzido para lembrar o centenário da abolição da escravatura no Brasil.
– A Albertina Tuma queria fazer uma abertura diferente. Eu lembro de quando ela comentou com a minha mãe. Depois decidiram fazer essa homenagem – lembra.
A coreógrafa Roseli Rodrigues veio de São Paulo para montar a coreografia a partir da música e garimpou joinvilenses das escolas de samba para fazer a figuração do espetáculo, que seria apresentado por 29 dançarinos do Grupo Raça.
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No final, 40 figurantes negros – entre eles quatro africanos que visitavam a cidade – entraram na dança, além da Orquestra da Lyra e cerca de 280 cantores de coral. Para dirigir este grande musical, o crítico de dança Luiz Sorel foi chamado e a figurinista Deborah Bastos também veio fazer os figurinos.
– Foi a primeira vez que Joinville viu um espetáculo como aquele com música ao vivo. A orquestra ficava no fosso; os dançarinos do Raça, em primeiro plano; o coral e os fi gurantes, todos joinvilenses, no fundo – afirma a coordenadora técnica da época, Sílvia Borges.
Você sabia?
O “Lamento dos Escravos” marcou o Festival de Dança de Joinville e deu início à tradição de fazer as noites de abertura com companhias oficiais, como o Grupo Raça.
Além do “Lamento dos Escravos”, o Ballet do Teatro Castro Alves, da Bahia (que vem a Joinville este ano para o espetáculo de encerramento do Festival) também se apresentou na abertura de 88 com duas peças: “Jogo de Búzios” e “Sagração da Primavera”.
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A “Garota do Fantástico” Sueli Guerra, que aparecia na abertura do programa na época, causou frisson ao vir a Joinville para dançar no Festival com o grupo Studio 88.