O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), deu o 5º voto pela condenação por formação de quadrilha do ex-ministro José Dirceu, do ex-presidente do PT, José Genoino e do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. Ele condenou ainda mais oito réus no último capítulo em julgamento no processo do mensalão. Resta apenas o voto do presidente do tribunal, Carlos Ayres Britto, que, se for pela condenação, definirá a situação dos réus do núcleo político.

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– Tenho mais de 44 anos de atuação na área jurídica, como integrante do Ministério Público de São Paulo e como ministro do Supremo Tribunal Federal. Nunca presenciei um caso em que o delito de quadrilha se apresentasse tão nitidamente caracterizado – disse Celso de Mello.

– A essa sociedade de delinquentes o delito penal brasileiro dá um nome, o de quadrilha ou bando – completou.

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Ele prosseguiu destacando que os crimes do mensalão aconteceram durante 30 meses. O decano do STF chegou a comparar o esquema com grupos criminosos organizados em São Paulo e Rio de Janeiro, fazendo alusão ao Primeiro Comando da Capital e organizações do tráfico de drogas.

– Foram 30 meses. Nunca vi algo tão longo, a não ser em organizações criminosas no Rio de Janeiro e aquela outra perigosíssima que atua no Estado de São Paulo.

Em sua justificativa, Celso de Mello afirmou que os réus promoveram um episódio reprovável da história do País.

– Esse processo revela um dos episódios mais vergonhosos da história política do nosso País. Os elementos probatórios do Ministério Público expõem, aos olhos da nação estarrecida, perplexa e envergonhada, um grupo de delinquentes que detratou a atividade política transformando-a em plataforma de ações criminosas.

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O decano prosseguiu em suas críticas:

– O que vejo nesse processo, emergindo das provas, são homens que desconhecem a República, pessoas que ultrajaram suas instituições e que, atraídos por uma perversa vocação para o controle do poder, vilipendiaram os signos do Estado Democrático de Direito e desonraram com gestos ilícitos e ações marginais a ideia que signa o republicanismo da nossa Constituição.

Além dos três réus do núcleo político, existem cinco votos para condenar o empresário Marcos Valério e seus ex-sócios Ramon Rollerbach e Cristiano Paz, o advogado das agências Rogério Tolentino, a ex-diretora financeira da SMP&B, Simone Vasconcelos, a ex-presidente e acionista do banco Rural, Kátia Rabelo, do ex-vice-presidente José Roberto Salgado, e do ex-diretor e atual vice do banco Vinicius Samarane.

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