É preciso proteger o passado. E, mais do que o passado, é preciso cuidar da cultura de ontem, para que a passagem do tempo não desbote e muito menos a destrua. Afinal, o hoje também é feito dos registros do ontem.
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O filatelista joinvilense Célio Colin, 62 anos, é um guardião daquilo que é produzido com arte e cuidado, mas descartado pela maioria das pessoas. Canetas, tampas de garrafa, sementes, selos, quadros, conchas, moedas antigas: tudo o que é possível de ser guardado, será. É disso que se trata a filatelia, que é o estudo do colecionismo.
Célio organiza um passado dentro de sua sala tomada por estantes, que, por sua vez, são tomadas por prateleiras recheadas de relíquias de momentos que já se foram há muito tempo.
Andar pelo escritório de Célio é perder-se em anos anteriores – no tempo em que a máquina de escrever era a melhor maneira para redigir uma carta e que escolher um selo exigia boa noção do próprio estado de espírito. Mandar uma carta com selo estampado com um passarinho ou uma planta era uma arte.
Existem muitos potes de vidro cheios até a boca de conchas cinzas, brancas e rosas. “Catei em Ubatuba e Barra Velha”, detalha ele, sem traços de consciência pesada em pegar para si o que são as produções mais bonitas do oceano. Mas o argumento é bom: Célio transformará as conchas em artesanato, mantendo-as à luz do dia, e não na escuridão do mar.
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O maior acervo de Célio é de selos. Ele começou a colecionar no começo da década de 1980, pensando exatamente da maneira que pensa ainda hoje: é importante registrar tudo. Pois, na vida, aquilo que não se guarda é arrastado para o passado, junto com os dias, as horas, os minutos e os segundos que também não voltam mais.
– Antigamente, se aprendia na escola a colecionar, e toda a base da cultura e do patriotismo. Hoje em dia, só se fala em internet e a cultura joinvilense se resume a duas coisas: dança e pintura – acredita.