O Programa de Demissões Voluntárias (PDV) da Celesc terá um impacto de R$ 162 milhões no caixa da maior estatal catarinense este ano. Um desembolso importante para a empresa que fechou o primeiro semestre de 2012 com um lucro 92,9% menor do que em igual período de 2011. Estes dois fatores estão fazendo a Celesc preparar-se para fechar 2012 no vermelho.
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Apesar da perspectiva de ter um resultado negativo este ano, a medida agrada aos acionistas. Segundo o representante da Previ (fundos de pensão do Banco do Brasil) no Conselho de Administração, Arlindo Magno de Oliveira, o PDV em curso está sendo feito da forma correta. Ao contrário do último realizado, que custou caro para a empresa e não reduziu o número de funcionários.
– Além de reduzir pessoal, vai mudar a política de benefícios, que era uma das melhores para eletricitários no país. Os acionistas deixam de ganhar agora, mas o PDV traça uma trajetória de sustentabilidade econômica para a Celesc – avalia.
Segundo o diretor de Relações com Investidores, André Rezende, apesar dos resultados serem reduzidos a cada ano em R$ 162 milhões, o PDV vai gerar uma economia anual de R$ 120 milhões e ajustar o quadro de pessoal da empresa, considerado inchado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Conforme a agência, a empresa deveria ter um gasto com pessoal de R$ 270 milhões, enquanto gastava, efetivamente, R$ 540 milhões em janeiro de 2011.
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Redução prevista fica abaixo do ideal
De lá para cá, a Aneel elevou o padrão de custo ideal com pessoal para R$ 335 milhões. Com o PDV, a Celesc vai reduzir seu gasto para R$ 420 milhões. Ainda será necessário reduzir a folha em mais R$ 85 milhões.
O diretor de Gestão Corporativa, André Luiz Bazzo, explica que o PDV é um ajuste a médio prazo que, junto com outras medidas que estão sendo tomadas, como uma nova política de Recursos Humanos, vai levar a Celesc aos padrões exigidos pela Aneel.
– Nós esperávamos que 180 pessoas do administrativo saíssem e o número foi mais expressivo. São 245 do setor. A mesma coisa com os eletricistas. Outro fator que ajudou foi que 197 funcionários com mais de cinco anos para se aposentarem também aderiram. Isso significa que eles vão se autofinanciar no período que excede os cinco anos – diz.
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Isso ocorre porque, com oito anos para se aposentarem, por exemplo, os funcionários representariam 96 meses de salário. Com o PDV, serão pagos apenas 60 meses.
O redutor de R$ 162 milhões por ano já estava previsto para 2012, e por isso não impactou nos investimentos da empresa, que aplicou R$ 331 milhões na distribuição de energia e R$ 80 milhões na geração.
Mercado aprova o PDV
A comunicação dos números do PDV foi bem avaliada pelo mercado financeiro. As ações PN da companhia tiveram alta de 2,03% no dia 24, quando o programa foi lançado, enquanto o índice geral de energia teve queda de 0,18%. Na semana passada, tiveram alta de 2,53% e, na última sexta-feira, de 0,61%, acumulando aumento de 1,77% em 2012.
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Os analistas de mercado consideram a adoção do PDV da Celesc um fato positivo e atrativo para novos investidores. De acordo com Antônio Junqueira, analista do setor elétrico do banco de investimento BTG Pactual, qualquer investidor avalia uma empresa num cenário de longo prazo.
– Se a empresa vai construir uma planta de 100 megawatts de capacidade, vai gastar R$ 400 milhões nos primeiros anos. Mas depois vai gerar caixa. A avaliação não ocorre só nos primeiros anos, porque a planta vai operar por 30 anos. A mesma coisa acontece com um PDV.
Segundo Junqueira, o fato de a Celesc se ajustar aos padrões da Aneel torna a empresa mais atrativa para possíveis investidores.
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– A Celesc está fazendo um programa que tem tudo para ter sucesso.
Concurso vai repor cargos
Depois de consolidado o PDV, a Celesc vai precisar repor alguns quadros. Mas não como foi feito no último programa de demissões incentivadas da estatal, que admitiu mais gente do que demitiu. Desta vez, a diretoria se comprometeu em abrir oportunidades num limite de apenas 30% do número de desligamentos. Serão 190 vagas. E o que é mais importante: vai trocar cargos administrativos por operacionais.
De acordo com o diretor de Gestão Corporativa, André Bazzo, quase não serão repostos cargos administrativos. O foco está nos eletricistas.
– Infelizmente, na carreira de eletricista a idade pesa. Quanto mais velho, menos produtivo, porque é uma função que exige agilidade física. Com essa troca, vamos ganhar em produtividade – explica.
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Além disso, o concurso previsto para ocorrer ainda este ano, com nomeações no ano que vem, implica em uma nova política de Recursos Humanos e com salários mais condizentes com o mercado.