O presidente da Celesc, o engenheiro joinvilense Cleverson Siewert, está inquieto com as dificuldades financeiras pelas quais passa a companhia elétrica. O problema atinge praticamente toda as empresas do setor no País.

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No primeiro trimestre deste ano, o governo federal socorreu a Celesc com R$ 400 milhões. Outros R$ 700 milhões são ansiosamente esperados até julho. O percentual de aumento da tarifa de luz para todos os consumidores dependerá, em boa parte, do valor do aporte recebido.

Outra missão do executivo, que já integrou o Núcleo de Jovens Empresários da Associação Empresarial de Joinville (Acij) e já foi secretário da Fazenda do governo catarinense, é montar estratégia para buscar, de volta, parcela do R$ 1,5 bilhão de receita que migrou dos clientes (as empresas) para a compra de energia de operadores no mercado livre.

REPASSES

– No primeiro trimestre, a Celesc recebeu R$ 400 milhões: R$ 66 milhões referentes a janeiro e outros R$ 333 milhões referentes a fevereiro. Este dinheiro nem fica no caixa. Vai direto para os geradores de energia, dos quais compramos o insumo. Ainda estamos à espera de muito mais dinheiro. Mas não há detalhes. Nem nos informaram quando será depositado.

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CONTAS

– A diferença contabilizada é de R$ 1,1 bilhão. Então, como recebemos R$ 400 milhões, ainda faltam R$ 700 milhões, que queremos receber logo. Para nós, a reposição do dinheiro nos permitirá ter uma equação financeira equilibrada se o dinheiro esperado continuar a chegar ainda neste semestre. Não sabemos qual será o montante do repasse que a Celesc terá.

CONTA DE LUZ

– O percentual de reajuste da tarifa de energia elétrica que será praticado pela Celesc, neste ano, ainda está longe de estar definido. Depende de decreto do governo a ser divulgado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). E, fundamentalmente, depende muito dos repasses de recursos que o governo der para socorrer a companhia elétrica, até julho.

APORTE INÉDITO

– Estes R$ 400 milhões já são o maior aporte de dinheiro da história da empresa. É dinheiro que corre direto para os geradores de energia, que temos de pagar. Evidentemente, quanto maior for o valor que a União nos enviar, menor deverá ser o percentual de aumento da tarifa para o consumidor final (empresas e consumidores residenciais) neste ano.

R$ 1,5 BILHÃO

– Temos que dar um passo adiante, mais ousado, na área de comercialização de energia. O que é isso? Um exemplo: de toda a energia consumida pelas empresas catarinenses, um quarto (25%) já é comprado junto a concorrentes diretos da Celesc, as companhias que vendem energia no chamado mercado livre. Isso significa R$ 1,5 bilhão por ano. É um bom dinheiro. Recuperar para o nosso caixa ao menos uma parte desse valor é muito importante.

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RECURSOS

– Precisamos receber mais recursos. Queremos que o governo nos repasse logo outra fatia dos R$ 4 bilhões que a União já contratou em financiamento bancário.

PERCENTUAL

– Até agora, a maioria das companhias de energia obteve autorização e aumentou a tarifa entre 10% e 16%. Há caso de alta de 27%. Para nós, o reajuste passará a valer a partir de 7 de agosto, e, no nosso caso, sequer há nota técnica a respeito disso para balizar o índice.

PREOCUPAÇÃO

– Outra grande preocupação é que o Instituto de Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) não reconhece esta contabilidade operada pelo governo. Tivemos reunião no último dia 18 e outra no começo desta semana com eles. Se o instituto não reconhecer, o trimestre estará perdido. Mas acredito em um entendimento. A questão é, unicamente, de burocracia contábil.

CAIXA

– Logicamente, a situação econômico-financeira da Celesc preocupa. Como preocupa a de todas as companhias de energia elétrica do País. Tendo de comprar energia mais cara de térmicas por causa da falta de chuvas, o impacto financeiro é significativo. Sim, temos dificuldade de caixa. Mas, mesmo assim, a situação é melhor do que em 2013. Com o aporte que o governo nos dará, estaremos melhores.

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MIGRAÇÃO

– Este movimento de migração das empresas privadas para o mercado livre começou há cinco anos. E foi se intensificando até 2012. Nos dois últimos anos, esta tendência diminuiu, mas ainda é relevante.

CONFIABILIDADE

– Estamos estruturando, na diretoria comercial, uma forma de buscar parte destes clientes de volta. Isso está sendo formatado.A confiabilidade da marca Celesc é um ativo de convencimento bem importante nesta negociação. E oferecer serviço adicional é outra possibilidade.

MÊS A MÊS

– Nós, e todas as outras distribuidoras de energia elétrica, estamos administrando os negócios de um mês para outro, no curtíssimo prazo. Nas condições atuais, não há como enxergar adiante, no médio prazo.

CRIATIVIDADE

– Este modelo encontrado pelo governo – diluir o aumento ao longo de cinco anos – é uma forma de fazer contabilidade criativa. A rigor, uma solução engenhosa.

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