A Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) doou ao Arquivo Histórico de Joinville um conjunto com milhares de documentos datados dos anos de 1911 a 1989, que recordam não só a trajetória da empresa, mas também um pedaço importante da história de Joinville. O acervo reúne fichas de funcionários contratados a partir da década de 1920, com fotos e informações completas de cada trabalhador; mais de mil fotografias; recortes de jornais e documentos; livros contábeis totalmente calculados e escritos à mão, além de circulares internas, correspondências e registros de transações realizadas entre empresas de energia elétrica.
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— Existem muitos documentos relacionados à época da Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945). Eles contam não apenas a história da energia elétrica, mas da humanidade. Existem documentos escritos em português e alemão, relacionados a espionagem, com orientações da Empresul (empresa antecessora à Celesc) recomendando seus funcionários estrangeiros a comparecerem na delegacia para fornecer seus endereços residenciais, orientações de que não podiam viajar aos finais de semana e que não podiam participar de aglomerações, nem mesmo de festas de aniversário em suas casas — conta a ex-gerente Administrativa Financeira da Celesc, Roseli Hoppe.
Foi ela a responsável por localizar o conjunto de documentos que estava armazenando no arquivo geral da empresa e, que, agora estará disponível no Arquivo Histórico. Ainda de acordo com Roseli, durante a separação do material foi possível conhecer diversos fatos históricos que estão contados por meio de documentos operacionais da empresa.
Retrato de várias épocas
Uma das peças trata-se de uma circular interna expedida em 1944, avisando os chefes das usinas sobre quais as espécies de pássaros e animais que poderiam ser caçados, bem como o número de peles que poderiam ser comercializadas durante aquele período.
Em outros documentos, estão relacionados donativos feitos à Cruz Vermelha, obrigações de guerra que eram descontadas dos salários dos funcionários e convite para os trabalhadores participarem das comemorações alusivas ao fim da guerra.
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— São histórias de vida escritas nas entrelinhas. Uma forma de valorizarmos as dificuldades que os nossos antepassados enfrentaram, para projetarmos o nosso futuro — reflete, Roseli.
Procedimentos técnicos
Depois de efetivada a doação, cabe agora aos técnicos do Arquivo Histórico conferirem os documentos recebidos e submeterem todo o conjunto documental a uma série de procedimentos técnicos. Os materiais serão higienizados e ficarão em quarentena para observação de eventuais manifestações de fungos ou insetos. O acervo deverá estar disponíveis para consulta do público a partir do segundo semestre de 2019.
De acordo com o coordenador do Arquivo Histórico, Dilney Cunha, o acesso ao material é de grande relevância para a comunidade, especialmente por trazer informações relativas às décadas de 1930 e 1940, períodos sobre os quais não existe muita documentação disponível.
— Os documentos servirão como fonte de pesquisa para todos os segmentos. Poderá interessar a estudantes, arquitetos, engenheiros, historiadores e ao grande público que se interessar sobre locais como a Usina Hidrelétrica do Piraí e a outros temas relacionados à história da cidade —, comemora Cunha.
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