O São Paulo Fashion Week primavera-verão 2011 tem causado muito mais repercussão em torno de quem faz e veste a moda – das tops, dos convidados, das celebridades – do que necessariamente em torno da moda em si. Dos 13 desfiles apresentados na quarta e na quinta-feira, nenhum provocou aquela comoção que impulsiona o aplauso emocionado da plateia, como aconteceu na edição de inverno, com a apresentação feminina hors-concours de Alexandre Herchcovitch.

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Foram todas coleções ok, que mostraram um verão de cores calmas, com leves toques de flúor, sem muitos acessórios e com uma preocupação mais voltada para o corte, para a tecnologia dos tecidos, para o acabamento das peças e para a necessidade de torná-las comerciais.

No encerramento da primeira noite, o zum-zum-zum ficou por conta da top holandesa Christa Verboom, uma diva loira, de olhos azuis, que deixou embasbacado o público do desfile da Cia. Marítima. Já havia interrogação quanto ao casting de modelos formado por quatro holandesas, uma russa, uma polonesa, uma tcheca, uma espanhola e uma israelita. Em temporada de roupas de verão, quando o que o Brasil mais tem são modelos sensuais para desfilar de biquíni, qual foi a razão da importação?, quiseram saber os editores de moda.

– A marca está crescendo no mercado internacional e é bom ver outras tops desfilando – justificou a responsável pelo casting, Fabiana Khlerlakian.

Se foi mau agouro ou não, não se soube. O fato é que não foi nada bom assistir à holandesa Christa torcendo o pé, estatelando-se no chão e deixando parte do seio à mostra com a queda.

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– Você viu? Eu caí… Ficou muito feio? – perguntou ela, com uma delicadeza ímpar no backstage.

Não prejudicou, porém, o glamouroso desfile da Cia. Marítima, que veio cheio de referências do Marrocos. A maior novidade é que, após alguns verões de calcinhas mais largas, agora elas voltam em modelos menores, com shapes cavados.

Na plateia da Cia. Marítima, Dimitri Mussard, herdeiro da Hermès, deu uma aula de elegância e boa educação a todos aqueles que furam fila, roubam assento e se engalfinham por brindes das grifes. Não bastasse quase ser pisoteado na entrada da sala, ainda viu seu lugar na fila A surrupiado por um gaiato. Cool de berço, acomodou-se na fileira D e atestou o que consultores de moda na Europa já avisaram: afetação está fora de moda.

Pois essa mesma atitude cool se fez presente na coleção Tufi Duek, de Eduardo Pombal – uma marca que, a cada temporada, está mais distante da identidade de seu criador, Tufi Duek. Pombal deu provas absolutas de que a aura sexy da marca definitivamente é coisa do passado. A coleção Invisible Light é clean, influenciada pelos anos 1960, com cores pastel, comprimentos mínimos para saias e vestidos, cortes secos e com bermudas retinhas como destaque.

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Ainda na quarta-feira, enquanto Rosa Chá, Erika Ikezili, Priscilla Darolt e Reserva deixavam seus recados para o verão, fora da passarela o agito tinha nome e sobrenome: Paris Hilton. Estrela do desfile da Triton, o último da quinta-feira, que começou com uma hora e meia de atraso, Paris chegou a São Paulo com seu maquiador próprio, anunciando cada passo no Twitter para mais de dois milhões de seguidores. Hospedada na melhor suíte do Hotel Emiliano, nos Jardins, e na companhia dos dois cachorrinhos Chihuahua, aprovou cada detalhe da prova de roupa, com exceção do sapato. Nem pensar em colocar sandálias que deixassem os dedinhos de fora, avisou.

Paris Hilton foi escolhida a estrela da Triton em função do tema da coleção: festa à beira da piscina. A passarela em forma de deck recebeu peças preocupadas com o desenvolvimento das texturas. Paetês foram revestidos com organza, cáquis estiveram presentes em trench-coats de inspiração militar em contraste com a maquiagem e os esmaltes em tons vibrantes. A herdeira da rede Hilton de hotéis fechou o desfile com um minivestido de franjas de seda, sempre rebolando, abanando e mandando beijinhos. “We love Paris”, era o grito de guerra que vinha do público. Serginho, o ex-BBB, era o mais atordoado.

A temporada primavera-verão 2011 da São Paulo Fashion Week termina na segunda-feira, mas não sem antes promover mais alguns zum-zum-zuns, como a presença da gaúcha Shirley Mallmann e da tcheca Eva Herzigova na passarela de moda praia de Adriana Degreas, hoje à noite. Mas o maior de todos os corre-corres será no domingo à noite, quando Gisele Bündchen der suas passadas no desfile da Colcci, com direito ao marido Tom Brady na primeira fila – e, claro, toda a gritaria, empurra-empurra que essa presença midiática provoca.

Ellus aposta nas alpargatas

Iódice, Cori, Água de Coco Por Liana Thomaz, Ellus e o desfile feminino de Alexandre Herchcovitch, com cores em formas abstratas, completaram o line-up da quinta-feira sem muitas novidades – a não ser a proposta da Ellus de alpargatas para os homens (sim, estas mesmas alpargatas com solado de corda que os gaúchos já conhecem bem) e os óculos em dois modelos e quatro cores (eles não quebram e não levam parafuso nenhum) que têm tudo para virar hit da coleção de Herchcovitch.

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Desenvolvidos pela Mykita, a mesma marca de óculos que criou o modelo usado por Sarah Jessica Parker em Sex and the City 2, os óculos causaram tanto furor que teve menina saindo da sala de desfiles aos gritinhos de “Eu quero o meu agora”. Só chegam às lojas daqui três meses e custarão em torno de 300 euros.