As medidas do governo para garantir redução de 20% nas tarifas ao consumidor terão forte impacto nas empresas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.
Continua depois da publicidade
Na gaúcha CEEE, a queda na receita vai forçar revisão de serviços e pode até cancelar concursos.
Presidente da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), Sérgio Souza Dias projeta redução de 30% a 60% no faturamento anual e diz que a empresa poderá passar por uma “readequação bastante forte” para continuar operando. Conforme estimativa do setor, a queda média nas receitas será superior a 70%.
Além de receita menor, muitas empresas afirmam ter sofrido duro golpe na migração para as novas regras do setor. Os valores anunciados pelo governo na quinta-feira para o ressarcimento de investimentos em usinas e linhas de transmissão, em razão da antecipação do fim dos contratos de concessão – inicialmente venceriam entre 2015 e 2017 -, foram considerados insatisfatórios.
No caso da CEEE, que pedirá à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a revisão dos valores, a diferença entre o total considerado correto pela empresa e o montante anunciado pelo governo chega a R$ 380 milhões – R$ 300 milhões referentes a investimentos em transmissão e R$ 80 milhões relativos a recursos aplicados em geração.
Continua depois da publicidade
– Na próxima segunda ou terça-feira, fecharemos os cálculos que levaremos à Aneel. Se não houver reformulação nos valores, precisaremos realizar uma readequação bastante forte, que pode incluir mudanças na estrutura e no sistema de gestão – afirma o presidente da CEEE.
Segundo Dias, a situação não amea-
ça a aplicação de R$ 3,5 bilhões em investimentos prevista pela companhia para os próximos três anos. Mas provavelmente tornará essencial a reformulação na estrutura da empresa.
– Em um primeiro momento, não pensamos em redução de quadro, mas manutenção e operação terão de ser readequadas. Nos próximos anos, a CEEE não precisará fazer concursos, por exemplo. Agora, estamos pensando em mudanças de funções e na redistribuição do contingente de uma forma mais eficiente – explica Dias.
Luz e sombra na energia
Novas condições trarão economia para consumidores e menos receita para as companhias:
Por que as empresas serão ressarcidas?
Os contratos de concessão da maioria das companhias de geração, transmissão e distribuição expirariam entre 2015 e 2017. Para permitir a implantação das novas regras do setor já em 2013, o governo compensará os recursos já investidos pelas empresas para a operação no período de 2013 até as datas inicialmente previstas para o fim dos contratos – tais valores não poderão ser recuperados durante a operação, uma vez que os prazos de vigência foram reduzidos.
Continua depois da publicidade
Quais empresas serão indenizadas?
Apenas as companhias que aderirem à renovação das concessões. As empresas têm até 4 de dezembro para revisar seus cálculos e decidir se querem ou não renovar contratos, sob as condições impostas pelo governo.
De onde vêm os recursos para o acerto de contas?
O dinheiro para o pagamento sairá da Reserva Geral de Reversão (RGR), um encargo criado para indenizar os investidores por mudanças na concessão do serviço de energia elétrica. Hoje o fundo tem cerca de R$ 20 bilhões.
Qual o impacto das mudanças para o consumidor?
Conforme a expectativa do governo, a redução nos valores pagos às companhias resultará em queda média de 20% nos preços das tarifas aos consumidores.
O que muda para as companhias?
Com novos contratos, as empresas precisarão se adequar a novos valores que resultarão em queda na receita. Conforme cálculos preliminares da Associação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), as concessionárias terão redução média na receita de mais de 70%. No caso da CEEE, a estimativa é de uma queda de 30% a 40% ao ano.
Continua depois da publicidade