Após reunião do seu Conselho Diretor, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) decidiu rescindir todos os contratos das empresas terceirizadas assinados durante a gestão do presidente Ary Graça, hoje mandatário da Federação Internacional de Vôlei (Fivb). A decisão foi tomada após a série de reportagens da ESPN Brasil com denúncias sobre os contratos assinados pelo ex-dirigente da entidade com as empresas S4G Gestão e Negócios, de Fábio Azevedo, e SMP Logística e Serviços, de Marcos Pina, este último ex-superintendente geral da CBV.

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– A CBV promete total transparência na gestão a partir de agora. Nada temos a esconder ou a omitir. Estamos rescindindo todos os contratos vigentes e não faremos mais os pagamentos. Teremos uma economia substancial com essa decisão. Não queremos mais correr riscos de não ter os recursos somente para o vôlei – afirmou o superintendente geral Neuri Barbieri, que entrou no lugar de Pina.

A opção pela rescisão foi tomada após a elaboração do relatório de auditoria feito pela PriceWaterhouseCoopers. Segundo Barbieri, a CBV teve custos elevados nos últimos meses para arrumar a casa. Além da auditoria, cujo relatório já foi enviado para a Controladoria Geral da União (CGU), a entidade contratou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para um trabalho de um ano a fim de elaborar um novo modelo de gestão. A FGV receberá R$ 1,2 milhão em 12 meses.

– Nós sofremos pressão do patrocinador (Banco do Brasil) para mudar a gestão, para sermos mais claros na destinação dos recursos – prosseguiu Barbieri.

A CBV também contratou o escritório Thompson Motta Advogados Associados para a elaboração de um parecer jurídico sobre os contratos assinados com a S4G e com a SMP. Por conta disso, a entidade adotou a cautela nas providências que seriam tomadas. De posse deste documento, a CBV desistiu de ajuizar uma ação civil para receber de Fábio Azevedo e Marcos Pina os mais de R$ 2 milhões que cada um recebeu dos contrato de R$ 10 milhões com cada um. A desistência deve-se ao fato de não haver nenhuma ilegalidade no processo.

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– No parecer não entra a questão ética, que podemos discutir por conta dos valores e de como se deu todo o episódio, com contratos assinados com ex-funcionários da CBV e empresas sendo criadas para a renovação do contrato com o Banco do Brasil, sendo que o banco sempre negociou diretamente com a CBV. Também havia contrato com favorecimento de familiares, mas sem irregularidade de preço. Porém, não queremos dúvidas quanto ao nosso trabalho – disse Barbieri.

Mas, se a entidade descartou acionar a Justiça para recuperar o dinheiro, o contrário pode acontecer. Tanto Azevedo quanto Pina podem se sentir no direito de receberem o restante da quantia definida em contrato. E o dirigente manifestou seu temor sobre essa possibilidade.

– Sim, isso pode acontecer. Temo que uma futura gestão da CBV tenha de pagar um possível passivo – finalizou.