Paulo Henrique Batti, o soldado que salvou o bebê de um mês e meio de vida, não estava no bairro Paranaguamirim, na zona Sul de Joinville, por acaso. Desde fevereiro, a Cavalaria da Policia Militar decidiu intensificar a presença em duas comunidades, Paranaguamirim e Jardim Paraíso, devido à vulnerabilidade dos bairros a ondas de violência.
Continua depois da publicidade
No total, são 12 conjuntos (policial e cavalo) destacados e que se revezam na missão. Cada guarnição é formada por três policiais que ficam nas comunidades por sete horas seguidas durante vários dias da semana.
A presença tão marcante dos policiais poderia deixar os moradores com medo e afastá-los. Mas não é isso o que os policiais observam na rua. As crianças são as primeiras a se sentirem atraídas pela imponência dos cavalos, e logo vem os pais e outros curiosos.
É exatamente isso o que a PM busca com a ação, mostrar-se presente e aproximar a polícia da comunidade, explica o chefe da Cavalaria, tenente Eduardo Pires.
Sempre que uma criança avistar os policiais da Cavalaria, a primeira coisa a observar é se o cavalo está caminhando tranquilamente, isto significa situação de normalidade e que pode ser uma boa hora de se aproximar.
Continua depois da publicidade
A Cavalaria orienta que se chegue pela frente do animal e peça orientação ao policial de como proceder. Algumas vezes é até possível alimentá-los e dar uma voltinha junto com o policial.
Cavalaria por dentro
Na tarde de sábado, o soldado Paulo Henrique Batti estava acompanhado do cavalo Calango, seu companheiro de trabalho há sete anos. O animal faz parte de uma equipe de 33 cavalos.
As aulas iniciam cedo. Aos 3,5 anos, os animais começam a ser domados e aos 4 anos estão prontos para o trabalho, que vai se estender até os 22 anos de idade. A escala segue a dos policiais e o animal não pode ficar mais de oito horas seguidas na rua.
A relação de amizade entre eles é igual a que se forma com um animal de estimação.
O mais antigo da turma é o cavalo Hercules, de 26 anos e aposentado há quatro. Se existisse patente no mundo animal, um exemplar que prestou tantos anos de bons serviços teria chegado a coronel, brincam os policiais.
Continua depois da publicidade

Hercules: o “coronel”
Ao contrário dos colegas nas baias vizinhas, Hercules não tem raça definida, mas possui todos os atributos necessários para trabalhar na Cavalaria: é calmo, corajoso, submisso ao policial e alto.
O mais novo é Spirit, de 4 anos. É fácil reconhecê-lo por causa da crina longa. Depois de domado, a crina é cortada bem curtinha.

Spirit, o mais novo da turma: crinas longas por pouco tempo
Treinamento
O treinamento envolve simulação de diferentes situações como a explosão de foguetes, entre vários outros momentos que poderiam alterar o comportamento do animal.
Já os policiais recebem aulas de montagem e precisam de atenção redobrada na rua porque estão mais vulneráveis. Por outro lado, lá de cima, conseguem um bom campo de visão da comunidade e ouvem melhor, sem a interferência do barulho do motor da viatura.
Continua depois da publicidade
A Cavalaria é acionada em diferentes situações: quando há grandes aglomerações, como em jogos de futebol, em ajudas humanitárias, quando há calamidades, e em eventos oficiais. Também pode realizar revistas, como as equipes da viatura.
Projeto social
Até o final de 2015, também deve iniciar um trabalho social. Está em construção a estrutura que vai abrigar o projeto de terapia com cavalos, voltado para crianças com necessidades especiais, e aulas de equitação para crianças de famílias de baixa renda.