Os atores Cauã Reymond e Isabél Zuaa de A Viagem de Pedro comentaram bastidores exclusivos da gravação do longa, que estreia nos cinemas dia 1 de setembro. Eles conversaram com exclusividade com a reportagem do HSC e contaram sobre a história de seus personagens e o envolvimento pessoal com a trama.
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O filme retrata a história de Dom Pedro I sob uma ótica mais intimista. Cauã interpreta Pedro e mostra a instabilidade que vivia o imperador após a independência do Brasil. Nessa trama entre nosso país e Portugal, Isabél interpreta a escrava rebelde, Dira.
Cauã e Isabél revelaram como a direção humanizada do filme foi essencial para deixar a narrativa mais “interessante” e “rica”, além de respeitar questões pessoais dos profissionais. O ator relembra o que aconteceu nos bastidores entre a atriz que interpreta Dira e a diretora do longa, Laís Bodanzky. A cena final de sua personagem estava prestes a ser gravada, e ela desabafou “meu corpo não consegue”. Isabel explica como foi esse momento.
— Essa cena eu não estava satisfeita em termos dramatúrgicos. Na hora de fazer, eu fiquei sem conseguir dormir. Eu pedi ajuda a alguns colegas que estavam mais próximos e ao assistente de direção. Aquelas argolas, aquelas algemas, para mim não fazia sentido uma mulher que fala sobre liberdade acabar assim. A gente tentou de todos os lados e conseguimos mudar o final dessa personagem, trazendo ela para esse lugar mais positivo — revela a atriz.
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Ela que é portuguesa, vive no Brasil, e tem referências africanas em sua bagagem profissional, afirma que é “uma grande honra poder trazer a imagética desses corpos e dessas vivências”.
Nesse clima de liberdade e escuta, o tom do filme explora questões atuais, mesmo sendo de época. Além de ator, Cauã também é produtor do longa e aponta que a essência do filme era mostrar um “olhar feminino sobre o personagem”.
— A gente traz esse Dom Pedro epiléptico, machista, com sífilis. Virilidade e poder para ele eram a mesma coisa, então ele fica extremamente inseguro, não consegue engravidar sua jovem mulher. Ele começa a perder o controle sobre seus escravos, que no navio não são escravos, porque não tinha escravidão dentro do territorio inglês. A gente convida o espectador a dialogar com os fantasmas dele — afirma artista.
Ele reforça, inclusive, que a dualidade do personagem, como ser humano e contraditório, é o ponto central da trama. “A gente construiu esse personagem em nenhum momento pensando em gerar empatia ou compaixão”, reitera.
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Em perfeita harmônia, os dois atores complementam falando sobre como estar conectado com a intuição é o diferencial no trabalho. Para Cauã, isso se dá com a segurança profissional, em que se aprende a ir além da técnica e ouvir também o que sente. Já Isabél fala sobre o processo que está vivendo de perder o medo de errar. Ela afirma que leva isso para a “arte e a vida”. Cauã concorda e deixa méritos à diretora Laís Bodanzky, por ouvir Zuaa e resolver a cena.
Machismo, racismo, sexo e poder passam por toda narrativa de A Viagem de Pedro. O foco é o que ocorre em 1831, quase dez anos após a independência, quando Pedro é expulso do Brasil e busca forças para enfrentar o irmão, em Portugal.
A diretora do filme, Laís Bodanzky, traz a bagagem social de sua carreira, como a produção de Bicho de Sete Cabeças, que ganhou prêmios internacionais e chegou a ser pré-selecinado ao Oscar em 2002. Com sensibilidade, ela conduz a nova produção da Globo Filmes.
O filme estará disponível nos cinemas do Brasil a partir de 1 de setembro. Ele já estreiou em Portugal e teve pré-estreia em São Paula na noite desta segunda-feira (22). Enquanto não é possível assistir à história completa, o trailer está disponível.
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Veja trailer de “A Viagem de Pedro”
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