Pés descalços quentes no asfalto gelado serviram de ferramenta para a confecção de um dos 36 tapetes que adornaram o entorno da Praça XV de Novembro, na Capital, nesta quinta-feira, dia de celebrar o corpo e o sangue de Cristo entre os católicos do mundo inteiro.

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Foi por Jesus que o balconista de uma floricultura, Anderson Mathiola fez o sacrifício de tirar os sapatos com temperatura de 11 graus.

– É uma forma de agradecimento àquele que morreu na cruz por nós e também porque a pele dá uma textura boa à areia, a base do tapete – disse o ex-seminarista.

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Mathiola escolheu a flor helicônia para enfeitar um tapete por ser mais resistente e também pela cor, o vermelho, simbolizando o sangue de Cristo.

O Centro da cidade estava especialmente belo na manhã desta quinta-feira. A luz suave e límpida do sol de outono iluminando as flores e a serragem colorida que dão forma e enfeitam os tapetes construídos no chão.

As pombas voando entre as estátuas da padroeira de Santa Catarina e do deus Mercúrio, no alto do Palácio Cruz e Souza. Os imensos flocos cor de rosa de algodão doce chamando a atenção das crianças vestidas com cachecol, casaquinhos forrados e gorros de lã.

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O menino Arthur Aristiliano Ribeiro Nunes, seis anos bem equipado com seu capus vermelho se divertiu fazendo o acabamento dos desenhos com serragem, água e dois baldinhos.

A mãe Carla Ribeiro enfeitou o tapete com singelas conchas em forma de flor. Ela disse que o material é usado por ser natural e típico do litoral catarinense.

– Na hora da procissão as conchas vão quebrar. Sem querer, eu pisei em uma e quebrou – contou Arthur.

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O vento sul cortante levantava as margaridas que eram delicadamente colocadas pelas senhoras do grupo religioso Nossa Senhora, no manto branco da santa feito com cal.

– Quando queremos bem à alguma pessoa, oferecemos flores. Enfeitamos com margaridas para tornar Nossa Senhora mais bonita possível porque é o filho dela que vai passar pelo tapete – disse uma integrante do grupo, Carmelita Derner.

A aposentada se referia a procissão que tradicionalmente acontece depois da missa, à tarde. Na Catedral Metropolitana de Florianópolis, a procissão contou com a presença do arcebispo metropolitano, Dom Wilson Tadeu Jönck, que percorreu os tapetes coloridos carregando a hóstia, símbolo do corpo de Cristo.

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Jönck foi acompanhado pelos fieis, padres, seminaristas e ministros da Catedral pelos cerca de 500 metros de tapetes decorados com símbolos e momentos da vida de Jesus, como explicou a ministra Maria Inês Clasen.

– O ramo da palmeira significa a esperança e lembra o momento em que Jesus foi aclamado com ramos de oliveira ao entrar em Jerusalém. A pomba é o Espírito Santo. O cacho de uva simboliza o vinho que depois se transforma no sangue de Cristo. O peixe e o pão simbolizam o momento em que Jesus multiplicou os cinco pães que um menino carregava na cestinha, na Galileia, em milhares de pães para o povo -, contou Maria Inês.

– Eu gostei do tubarão – falou o pequeno Arthur, sobre o peixe desenhado com serragem tingida de cinza e olho prateado.

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