A Catedral Metropolitana pode ter de explicar na Justiça a venda das cadeiras estofadas que faziam parte da estrutura do Cine Ritz, no Centro da Capital. Do luxo a produto de segunda mão, os móveis do prédio que faz parte da história e da memória afetiva de boa parte dos florianopolitanos foram colocados à venda em uma loja de móveis usados que fica na Rua Tiradentes.
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Por meio de sua assessoria, o Serviço de Patrimônio Histórico de Florianópolis afirmou, que enviou uma carta pedindo explicações para o arcebispo e à Catedral sobre a retirada das cadeiras. Dependendo da resposta, pretende-se acionar a Justiça para definir o destino dos móveis. A Catedral Metropolitana afirma, também por meio de sua assessoria de imprensa, que não existe problema algum na venda das cadeiras do Cine Ritz, patrimônio tombado pelo município.
O Cine Ritz foi tombado em uma classificação chamada “P2”, ou seja, onde apenas a fachada e o telhado não podem sofrer intervenções. O ex-presidente da comissão de reforma do antigo cinema, Roberto Bentes de Sá, pondera que a Catedral deveria ter feito um inventário antes da venda dos móveis, que caracterizavam o cinema. Ainda assim, ele faz ressalvas explicando que a parte interna não é protegida pela lei de tombamento, isso incluiria as cadeiras.
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R$ 490 por quatro cadeiras

Foto: Betina Humeres / Agência RBS
Até segunda ordem, os cinéfilos e colecionadores poderão comprar as cadeiras. São 200 conjuntos à venda. Por R$ 490 é possível comprar um conjunto com quatro cadeiras. São feitas de imbuía, com assento de molas revestido em couro vermelho, como afirma um anúncio na internet. O dono da loja que comprou os móveis prefere não se pronunciar sobre o assunto, mas é possível ver, em um dos conjuntos, um bilhete onde se lê “vendida”.
Nem todas as cadeiras teriam sido retiradas, ainda, do interior do antigo Cine Ritz. Porém, todas foram compradas pelo comerciante, que só não levou todas à loja por falta de espaço no estabelecimento. Para a retirada, inclusive, é preciso bastante cuidado, já que as poltronas são parafusadas ao chão. Ontem, a equipe da Hora chegou a flagrar o transporte de parte do patrimônio, no Centro de Florianópolis. Uma caminhonete que se deslocava na região estava carregada com cadeiras.