Josiane Lima e Geovani de Pinho são, hoje, a fusão de técnica e força. Esperanças do remo paralímpico brasileiro, os competidores, nascidos em Florianópolis, começaram o projeto das Olímpiadas Rio 2016 com medalhas. No domingo, trouxeram ouro e prata do Crash B, campeonato do esporte indoor que marca o início do calendário internacional.
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Na volta da competição individual que aconteceu em Boston (Estados Unidos), ontem, os amigos da Seleção Brasileira desembarcaram na Capital de olho nos próximos desafios, mas visando as provas em dupla. Josiane, aos 37 anos, tem experiência em duas Olímpiadas – trouxe bronze em Pequim e ficou em oitavo em Londres. Nos Jogos de 2012, esteve perto de disputar com o companheiro, três anos mais novo, mas problemas particulares impediram Geovani de participar da seletiva.
– Eu voltei de Londres já pensando no Rio, em ter um bom parceiro. E por sorte tem na minha Ilha, com quem venho competindo desde 2009. Ano passado teve as disputas internacionais e foi um rapaz do Rio no barco. Mas com o Geovani há a possibilidade de treinar mais tempo juntos. É um barco de sincronismo, de ajustes de centímetros, e essa parceria faz a diferença.
Dificuldades ultrapassadas com a ajuda do remo
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Os dois foram unidos pelo esporte na tentativa de um recomeço. Em janeiro de 2004, Josiane trafegava de motocicleta com uma amiga por uma estrada de chão quando bateu em um caminhão. Depois de quase morrer, acabou com a perna esquerda amputada. Geovani sofre de uma doença generativa, e buscou no remo uma saída para aliviar as dores. O caminho deles se encontrou graças a Guilherme Soares, treinador do clube Aldo Luz, em Florianópolis, e da Seleção Brasileira.
– Não tem como não ficar apaixonado, você pega uma Beira-Mar daquelas de manhã cedo ou final de tarde, enquanto está todo mundo na loucura, sozinho ou com uma parceira como a Josi, não tem como não se apaixonar. Eu me vejo como uma força bruta, a Josiane tem a parte técnica, e o Soares o foco e o conhecimento – avalia Giovane.
Treinando todos os dias, as próximas competições estão definidas. Juntos, Josiane e Giovane pretendem participar do torneio em Gavirate, na Itália, em maio, da Copa do Mundo na Inglaterra, no mês seguinte, e do Campeonato Mundial, em setembro, na Coreia do Sul. Antes, precisam passar nas seletivas da Seleção Brasileira.
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– Nós temos muita sintonia, juntando tudo isso vai dar uma equipe boa, tenho certeza – garante Giovane.
Prova indoor é a maior do mundo
Disputado no domingo, em Boston, nos Estados Unidos, o Crash B é a maior competição de remo indoor do mundo. Em um ginásio fechado, os atletas utilizam o remoergômetro, equipamento simulador do movimento da remada, que é representado em um telão com o avanço do barco.
Josiane Lima, que desembarcou ontem em Florianópolis, ganhou o bicampeonato no domingo, e é detentora do recorde mundial da competição, na categoria tronco e braços, para paratletas . Geovani de Pinho, da mesma categoria, também contribuiu no quadro de medalhas da Seleção Brasileira. Ficou com a prata, o ouro escapou-lhe entre os dedos por um segundo e foi parar com um alemão.
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– Esse campeonato é o que marca as atividades dos circuitos regulares, é no remo ergométrico, porque nessa região os lagos congelam e acabaram fazendo o remo indoor. Mas estava muito frio, a gente pegou -1ºC grau, porque apesar de ser fechado o ginásio, é um lugar onde se joga hóquei, e o chão é de gelo – explica Josiane.
Outros atletas de Florianópolis também estava na competição representando o país. A remadora Fabiana Beltrame ficou em quinto lugar na competição aberta, e André Dutra, que conquistou a prata, na categoria pernas, tronco e braços, restrita a paratletas. Para Josiane, os resultados são reflexos de uma cidade que investe no esporte e na acessibilidade.
– Foi extraordinário. O remo catarinense sempre teve grandes nomes e destaques. Temos uma equipe bem forte, e o remo paralímpico começou com um projeto social, então é uma cidade que tem muito futuro, com acessibilidade e bons equipamentos – avalia.
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