Seis catarinenses estariam entre as 15 mulheres, uma adolescente e um travesti que estavam sendo mantidas em regime de escravidão sexual, em Vitória do Xingu-(Pará), segundo informações do Conselho Tutelar de Altamira-PA. Na quarta-feira à noite uma operação da Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Rodoviária Federal fechou a Boate Xingu, onde as mulheres estariam em regime análogo ao de escravidão. De acordo com a investigadora Marta Lins, dois funcionários da boate foram presos. O proprietário conseguiu fugir mas deve ter prisão decretada nas próximas horas.

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A investigadora confirmou que as mulheres não poderiam se ausentar da boate e contraíam dívidas com os proprietários, para conseguir roupas e alimentação.

Uma adolescente de 16 anos, de Passo Fundo, conseguiu fugir na quarta-feira pela manhã e fez a denúncia ao Conselho Tutelar de Altamira. De acordo com a conselheira tutelar de Altamira, Lucilene Lima, os quartos da boate tinham cadeados nas portas. As mulheres dormiam em quartos apertados e sem ventilação. Segundo a conselheira os proprietários da boate cobravam R$ 5 por um pacote de bolacha e R$ 15 por uma carteira de cigarro.

A dívida era uma maneira de manter as mulheres dependentes. As dívidas, que chegavam a R$ 8 mil, eram anotados em cadernos que foram apreendidos pela polícia. A boate foi interditada e as mulheres levadas para um Abrigo municipal. A Secretaria de Direitos Humanos do Pará deve entrar em contato com autoridades dos estados de origem das vítimas, para que elas sejam reconduzidas aos municípios de origem.

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De acordo com a conselheira tutelar, as jovens teriam sido agenciadas por uma mulher, que é proprietária de uma boate na região de Joaçaba. Segundo depoimento das vítimas houve a promessa de uma renda de R$ 14 mil por semanas. As mulheres foram levadas de van até o Pará e, nisso, acabaram contraindo uma dívida de R$ 3 mil cada.

O delegado Antonio Lucas Ferreira Pinto, da Polícia Civil de Herval do Oeste, confirmou a existência de uma mulher com o nome da suposta agenciadora e da boate na região do Meio-Oeste. Uma mãe que mora em Herval do Oeste, que supostamente teria uma filha no Pará, também procurou a delegacia. O delegado afirmou que está investigando o caso para averiguar se houve tráfico de pessoas.