Santa Catarina ganhou mais um reforço para a temporada de 2018 do WCT, a elite do surfe mundial. O atleta Willian Cardoso, nascido em Joinville e radicado em Balneário Camboriú, venceu a sua bateria na terceira fase do Hawaiian Pro, penúltima etapa do ano da divisão de acesso (WQS), e garantiu os pontos necessários para entrar no grupo dos 34 melhores do planeta. Na noite de domingo, em Haleiwaa, ele derrotou o havaiano Sebastian Zietz, o americano Cam Richars e o português Vasco Ribeiro.

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Com o resultado, o surfista de 31 anos enfim realiza o sonho de chegar à elite após 12 temporadas no WQS. E o acesso veio justamente em um ano de muitas dificuldades. Cardoso perdeu seu patrocinador principal no fim de 2016, chegou a vender o carro para continuar competindo e quase largou a carreira profissional ao receber outra proposta de emprego.

O ponto de virada veio na primeira etapa de dez mil pontos do ano, em Ballito, na África do Sul. Ele ficou com o vice-campeonato da etapa ao perder a final para o local Jordy Smith, mas garantiu oito mil pontos no ranking. O outro grande resultado até aqui foi as quartas de final em Cascais, em Portugal, que lhe renderam 5,2 mil pontos.

Na entrevista após a bateria de domingo, o Panda, como é conhecido, se emocionou e relembrou que já esteve perto da classificação em outras oportunidades, mas só agora conseguiu romper a barreira da elite.

— Depois de todos esses anos trabalhando duro, todos me ajudaram. Não foi fácil. Depois de tanto tempo no WQS, isso foi acontecer para mim agora, depois que eu perdi meu patrocinador. Mas eu tenho muita gente boa me apoiando, em especial a minha família, que ajudou a transformar o meu sonho em realidade. Estou super feliz de ter me classificado — disse.

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Teco diz que surfe de Cardoso é alinhado com as ondas da elite

Um dos ícones do surfe brasileiro, o catarinense Teco Padaratz era só alegria com a notícia do acesso do Panda. Ele disse que trata-se de uma notícia excelente para o Estado e que o estilo dele se encaixa perfeitamente com as ondas da elite, que costumam ser mais fortes e alinhadas.

— Acho que o surfe dele vai aparecer ainda mais, por causa das suas características de manobras fortes. Ele pode ser uma grande arma da Braziliam Storm no ano que vem, em especial em ondas como Jeffrey´s Bay e Taiti — diz Teco.

Para o diretor-geral da World Surf League (WSL) na América do Sul, Xande Fontes, a ascensão de William Cardoso era esperada há muito tempo pela comunidade do surfe internacional. Ele lembra que o catarinense “bateu na trave” por muitos anos e ressalta a história de superação do atleta:

—Vai ser o grande teste da carreira do Willian. Tem que ver como vai ser a adaptação, mas é gratificante poder ver o surfe de borda, com força e pressão, ser recompensado com essa vaga.

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Esperança por companhia

Outro catarinense que está muito perto de garantir a vaga é Tomas Hermes, local de Barra Velha. Ele também se classificou para as oitavas de final na noite de domingo, ao passar em segundo a sua bateria, vencida pelo também brasileiro Filipe Toledo. Hermes pode garantir a vaga caso passe mais uma fase e, assim como Cardoso, ultrapasse a barreira dos 18 mil pontos, número considerado “mágico” para os surfistas.

Segundo Xande Fontes, da WSL, Hermes tem grandes chances, já que costuma se dar bem em Haleiwa e também tem batalhado há muitos anos pelo acesso.

— Tanto o Tomas quanto o Willian são atletas de quando eu era presidente da Fecasurf. São a prova de que é o investimento na base que garante sempre o surgimento de novos atletas — opina Fontes.

Quem já está seguro no WCT do ano que vem é Yago Dora, que nasceu em Curitiba, mas veio ainda bebê para Florianópolis. Dora venceu duas etapas de seis mil pontos no ano e também está nas oitavas de final do Hawaiian Pro.

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Também morador de Florianópolis, o cearense Michael Rodrigues está na busca de uma vaga. Ele é atualmente o décimo colocado do ranking do WQS, ou seja, o último a entrar no WCT, e precisa ir até as semifinais para se garantir. Segundo Teco Padaratz, seria outra grande admissão para o tour:

— O Michael mora aqui na Barra da Lagoa. Se Deus quiser, ele também vai conquistar essa vaga. Surfa demais.

Brasil deve aumentar número de integrantes na elite

Em 2016, o Brasil chegou a contar com dez surfistas na elite. Esse número caiu para nove nesse ano, mas deve aumentar na próxima temporada. Hoje, são cinco brasileiros entre os dez que sobem. Ao mesmo tempo, outros três correm o risco de ficar de fora da elite. Com isso, o número de brasileiros pode subir para onze ou até mesmo doze.