Roselis Remor de Souza Mazurek. Catarinense, nasceu em Laguna há 47 anos. Mais tarde, ganhou o mundo, aliando trabalho, aventura e ajuda humanitária. Com uma mochila nas costas e muita disposição de conviver com as pessoas das mais diferentes culturas e tribos, ela conta, nesta entrevista, movimentos marcantes desta incrível jornada.

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As festas de fim de ano Roselis passou com a família, em Laguna, mas já retornou para Belém do Pará, onde mora e onde fica o escritório da ONG ambientalista norte-americana The Nature Conservancy, para a qual trabalha. Formada em Biologia pela Universidade Federal de Santa Catarina, conseguiu um estágio em Manaus poucas semanas depois de terminar a faculdade.

Foi na Amazônia ela que teve o primeiro contato com os povos indígenas, e isso foi tão marcante que, a partir deste encontro, sua vida tomou um rumo totalmente inesperado. Roselis é doutora em Ecologia e usa seus conhecimentos científicos para ajudar a oferecer melhores condições de vida às comunidades tradicionais da Amazônia.

Ela atua no desenvolvimento de planos de gestão territorial junto aos povos indígenas do Oiapoque (Amapá) e Roraima, que também recebem dos membros da ONG norte-americana apoio nas áreas da saúde, educação e meio ambiente (uso sustentável dos recursos naturais).

A paixão pelo modo de vida dos índios foi tanta que a pesquisadora decidiu centrar sua tese de doutorado no impacto da caça na vida dos índios Wainiri-Atroari, que vivem ao Norte de Manaus, numa reserva de 2,5 milhões de hectares.

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_ Para fazer o trabalho de campo, eu tinha que seguir com os caçadores para o meio da mata, coisa que nenhuma mulher indígena faz. Para não ter problemas, eles me chamavam de “parente de homem”, ou seja, para eles, eu não era nem homem, nem mulher. Só assim para aceitar que eu os acompanhasse _ explica Roselis.

O doutorado terminou, mas o trabalho da bióloga catarinense com os índios da Amazônia (são, ao todo, mais de 220 povos) continua a toda, com a abertura de novos projetos e várias frentes de trabalho.

Roselis passa mais tempo na floresta do que na cidade _ o que lhe rendeu nos últimos 20 anos nove malárias e uma leishmaniose, ambas doenças graves transmitidas pela picada de mosquitos. Durante 15 anos a catarinense foi casada com um trompetista de Chicago, mas atualmente está solteira, e não possui filhos. Com o tipo de vida que leva, Roselis achou melhor seguir sozinha.

_ Essa é a vida que escolhi para mim, e posso garantir que sou muito feliz assim.