O catarinense Juliano Areias Gaspar, de 35 anos, suspeito de agredir a esposa, a humorista alemã Lea Maria, de 27 anos, usou as redes sociais para se defender das acusações. O vídeo foi publicado na sexta-feira (10) e na legenda o homem afirma: “Nada disso faz sentido, mas eu vou lutar até o fim para trazer toda a verdade sobre o que realmente está acontecendo com a Lea! Te amo bebê. Eu estou aqui!”. As informações são do g1.
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A Polícia Civil abriu uma investigação contra Juliano por suspeita de violência doméstica, lesão corporal e injúria contra a humorista. Os dois, além de influenciadores digitais, trabalhavam com shows de humor pelo país.
Lea Maria acusa humorista de SC de violência doméstica
Na publicação, o comediante diz que esta foi a “pior semana” da sua vida e que ele foi transformado em um vilão.
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— O mundo caiu na minha cabeça. […] É triste porque sempre foi eu e a Lea contra o mundo, foi algo que a gente sempre falou, e hoje eu estou sozinho. […]Eu até agora não entendi o que está acontecendo — diz no vídeo.
Ele conta que o casal passava “praticamente 24 horas juntos, e discussões acabam acontecendo” e que no dia em que Lea Maria afirma ter sido agredida — 2 de fevereiro — a briga teria sido motivada por pessoas que trabalham para eles.
— A gente teve algumas divergências e acabou discutindo — pontua.
Em outro trecho, Juliano fala que quando o casal discute, ele costuma sair de casa, mas dessa vez Lea o teria impedido.
— Ela não queria deixar eu sair, fechou a porta, me prendeu em casa […]. A hora que eu consegui sair de casa, ela puxou minha camisa, tive de voltar para trocar. Isso ela diz no B.O. [boletim de ocorrência], é a parte verdadeira do B.O.. Nem tudo nesse B.O. é verdade, tem muita coisa ali que parece que ela foi… não sei se posso dizer induzida a falar, mas não faz nenhum sentido, não houve agressão — alega.
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Também em vídeo, Lea Maria afirmou que as lesões “estão comprovadas pelo laudo médico”:
— Minhas lesões anteriores estão registradas. Eles tentaram entrar em contato com minha psicóloga para influenciá-la. Só quero paz — conta a humorista.
Já Juliano diz que, ao ser impedido de sair de casa pela mulher, ela pode ter machucado o pulso, onde ela relatou os hematomas. Ainda segundo o comediante, uma jovem que estava com o casal em Guarujá, no litoral paulista, ao ver o pulso de Lea com gelo, perguntou a uma pessoa da equipe se a humorista tinha se machucado e se isso tinha a ver com o catarinense.
— E essa pessoa acabou espalhando um boato que fugiu de proporção, de controle. Um boato que eu tinha agredido a Lea — pontua.
Juliano alega, ainda, que dois dias depois, teria decidido passar a noite sozinho em um hotel e, quando voltou para casa no dia seguinte, Lea não estava mais lá.
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— A partir dali eu não tive mais contato com minha esposa […]. Ela está comigo sempre, eu sou um protetor da Lea. Sinto agora que eu não estou podendo proteger ela, vi que tem acusações falsas na polícia, acho que ela não tem noção do que está acontecendo — pontua.
Juliano complementa dizendo que é mentira que a mulher seja dependente financeiramente dele. Sobre as afirmações de Lea, ele diz que “terceiros” podem estar “”criando terrorismo psicológico”.
— Tem muita gente envolvida nesse caso que pode estar interessada em outras coisas. Eu não posso afirmar nada agora, a gente vai fazer nossa defesa, mas a única coisa que eu queria era que a Lea aparecesse, porque ela foi tirada de mim […]. Ela sabe que eu não sou nada disso, ela sabe que eu não sou um abusador — diz chorando.
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Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Lea Maria mostra algumas partes do corpo marcadas com lesões que, supostamente, foram provocadas por agressões do então companheiro. Os hematomas aparecem nas coxas, laterais das pernas e joelhos.
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— Eles não estão me respeitando, eles tentaram entrar em contato nos últimos dias. Ligações, mensagens, pelo e-mail, pelo Instagram, pelo celular — lamentou.
O g1 procurou Juliano para comentar o assunto, mas não obteve retorno.
Confira o vídeo:
https://www.tiktok.com/@julianogaspar/video/7198640622633225477
Polícia investiga o caso
Um inquérito por suspeita de violência doméstica, lesão corporal e injúria foi aberto contra Juliano pela Polícia Civil de São Paulo. Os crimes teriam ocorrido em 2 de fevereiro, no apartamento onde o casal morava nos Jardins, bairro nobre na região central da capital paulista.
Segundo apuração do g1, a vítima disse à polícia que, após uma discussão sobre trabalho, Juliano teria a ofendido e xingado. Depois, o marido apertou o pescoço dela, puxou o cabelo, cuspiu e deu tapas no rosto e a jogou no chão.
Além disso, Lea também relatou que ele deu socos e chutes, enquanto tentava se defender das agressões.
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Os dois trabalham juntos com espetáculos de stand-up e são conhecidos nas redes sociais. As apresentações deles, que ocorreriam em Sorocaba e Jundiaí, no interior de São Paulo, foram canceladas.
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Nas redes sociais, Lea confirmou que foi agredida. Sem citar o nome de Juliano ou dar detalhes das agressões, ela fez um vídeo onde aparece com o braço imobilizado, apoiado por uma tipoia presa ao pescoço, e tenta tranquilizar os fãs.
— Olá. Eu venho aqui falar com vocês porque eu tenho recebido muitas mensagens. E não gostaria que isso virasse público, mas tomou uma proporção que eu não esperava. Tô passando por um momento muito difícil, muito delicado […]. Muitas pessoas entraram em contato comigo querendo saber como eu estou. Eu tô lendo tudo, mas não consigo responder agora. Mas queria tranquilizar vocês porque estou acompanhada por minha família, amigos e profissionais da área da saúde e da área jurídica […]. Em certo momento, estarei aqui para falar com vocês. Mas peço que vocês respeitem a minha posição. E agradeço a todo carinho — diz no vídeo publicado na quarta-feira (8).
Ao g1, o advogado da humorista, Cristiano Medina, confirmou que Juliano supostamente foi o autor das agressões. Ele disse, ainda, que Lea já deu entrada no pedido de divórcio e não se manifestará sobre os detalhes das agressões por orientação médica.
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O caso foi registrado na 2º Delegacia da Defesa da Mulher (DDM), mas será investigado pela 1ª DDM. Segundo a apuração, Lea contou à polícia que é casada há 7 anos, mas que os últimos dois foram conturbados.
“A especializada instaurou inquérito policial e investiga todas as circunstâncias relativas ao fato visando à responsabilização do autor”, explica a nota da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Como denunciar violência doméstica
A violência doméstica pode ser denunciada na Central de Atendimento à Mulher, no telefone 180, válido para todo o território nacional. Também é possível denunciar pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
A vítima também pode ser atendida pelo Telegram. Basta baixar o aplicativo e procurar o canal “DireitosHumanosBrasil”, na sequência, mande uma mensagem para receber atendimento.
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