Diário do Clima: Efeitos do Aquecimento Global é o segundo livro da jornalista catarinense Sônia Bridi. Ela e o marido, o cinegrafista Paulo Zero, viajaram por 14 países, e o diário de bordo da viagem está registrado na obra. Segundo a jornalista, é um livro de aventuras, para quem gosta de viajar e para quem se interessa pela sustentabilidade do planeta. Às 19h desta segunda-feira, ela estará na Praça de Autógrafos, da 58ª Feira do Livro de Porto Alegre, para uma sessão de autógrafos.

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O seu livro é o resultado de uma grande viagem. Como foi a experiência de passar seis meses em 14 países? O que mais impressionou nas histórias que relata?

Sônia Bridi – O local onde é mais visível o efeito do aquecimento global é o Ártico. Na Groenlândia, o gelo é quente, com a temperatura um pouco abaixo de zero. Esse gelo está derretendo muito rapidamente e, na Groenlândia, isso é muito impactante visualmente. No sentido humano, o que me deixou chocada é o que está acontecendo nos Andes. Nas geleiras tropicais, o derretimento está em um ritmo absurdo. Todo o gelo que está abaixo de 5 mil metros deve desaparecer nas próximas duas décadas. Já temos dezenas de milhares de bolivianos migrando para o Brasil, e isso só vai aumentar. Acredito que o Brasil ainda não se deu conta de como vai ser afetado por isso.

Em maio, vocês fizeram a série Planeta Terra, Lotação Esgotada, para o Fantástico. Visitaram locais como uma comunidade nos EUA que produz a própria energia. Há como aplicar isso no Brasil?

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Sônia Bridi – Com certeza. O Brasil é abençoadíssimo. Um país com todo esse sol, e a gente aquecendo água com energia elétrica? Há um gasto enorme que é desnecessário, e o custo de geração da energia é só uma parte. Cada pessoa que usa o aquecimento de água solar está diminuindo o impacto no sistema. O Brasil poderia ter um benefício tremendo apenas incentivando a instalação de aquecimento solar para água no país inteiro. No Brasil, o grande impacto em termos de emissões não é a produção de energia, nem o óleo da indústria. Mais de 60% das emissões vêm da destruição das florestas. A China emite muito gás carbônico, mas transforma em riqueza cada tonelada de CO² que gasta na atmosfera.

Depois de suas viagens, você acredita que há possibilidade de reduzir os impactos do aquecimento global a partir das nossas atitudes?

Sônia Bridi – Sim! Todas as pesquisas apontam que a causa do que está acontecendo hoje é o ser humano. Se somos a causa, somos também a solução. É algo para o governo resolver? Sim, mas também precisamos de atitudes nossas. Se diminuirmos a nossa cota de carbono, vamos chegar lá. Podemos melhorar as práticas agrícolas, com o plantio direto, e buscar um tratamento correto para o lixo. Eu tenho algumas atitudes que parecem pequenas. Não uso sacola de supermercado há anos. Quando vou fazer compras, levo uma sacola dobrada na minha bolsa. Somos 7 bilhões de pessoas na Terra. Essa questão é para se resolver com pequenas atitudes diárias. Assim, diminuímos nosso impacto.

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