São 25 anos de profissão e, em 2016, veio o reconhecimento por todo o tempo de estudos, trabalho e dedicação. Aos 46 anos, Maria Cristina Santos, a Cris, catarinense de Anita Garibaldi, será a única representante do Estado no quadro de árbitros da natação nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. No total, serão 42 profissionais, sendo 10 brasileiros. Árbitra internacional desde 2005, ela conta que agora chegou a hora de colher os frutos. A família está orgulhosa e ansiosa para acompanhar tudo pela televisão.
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Em entrevista ao Diário Catarinense, Cris contou como foi todo o processo até chegar à Olimpíada, o que espera da natação do Brasil, o cenário catarinense e, claro, como trabalha um juiz de natação.
“Acho que foi uma consequência do meu trabalho” – Maria Cristina Santos, árbitra de natação
Como a natação surgiu na sua vida?
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Eu comecei a gostar do esporte quando eu levava meus sobrinhos para a natação. Até aprendi a nadar, mas não cheguei a ser atleta, até porque tive um probleminha no coração que acabou impedindo também. Até por isso optei pela carreira de arbitragem, para estar no meio, próxima aos atletas.
Única catarinense árbitra que estará na Olimpíada. Como foi a sua preparação?
É uma preparação bem longa. Comecei minha carreira em 1991, e desde a primeira competição eu fui me preparando, me aperfeiçoando, estudando bastante, fazendo muitos cursos, trabalhando por todo o Brasil e em 2005 eu tive a indicação para ser árbitra internacional. Comecei a trabalhar como árbitra geral de todas as competições, então eu acho que foi uma consequência do meu trabalho, um reconhecimento de muitos anos. Um trabalho sério, com dedicação, sempre aplicando a regra, sem beneficiar A ou B.
Como foi quando você soube que estava na Olimpíada?
Antes de o Brasil ser escalado como país sede, nós éramos cinco árbitros internacionais e eu já estava grupo, depois esse número passou para 10, então mais ou menos eu já sabia que estaria. Mas quando saiu a lista oficial (em janeiro deste ano), o coração bateu muito mais forte, foi uma emoção muito grande. É uma responsabilidade muito grande, porque você vai estar representado o seu Estado, o seu país. Mas estou muito feliz por fazer parte desse momento especial do nosso esporte no Brasil.
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Que função você terá nos Jogos?
Ainda não está definida. Não serei, com certeza, árbitra geral e juíza de partida. Provavelmente juiz de volta ou de percurso, mas isso só saberemos na reunião antes do início das competições no Rio de Janeiro, onde os árbitros têm que participar de uma clínica, para saber como tudo vai funcionar e se preparar para a competição.
Se tiver brasileiro na raia em que você for a responsável, como fica?
Na Olimpíada você é escalado e, se tem um brasileiro que vai nadar na raia que você escalado, você faz o seu trabalho normalmente. Você não muda de posição.
Qual a sua formação profissional?
Sou formada em Educação Física e trabalho também como secretária do Tribunal de Justiça Desportiva de Santa Catarina, desde 2004. Então o meu trabalho também permite que eu atue na área, porque a arbitragem não é profissional, a gente costuma falar que ela é um bico. Só fica quem gosta, porque se pensar em termos de remuneração, não compensa, não tem como trabalhar só na arbitragem, diferente de outras modalidades. Eu consigo conciliar meu trabalho com a arbitragem, já que as competições são normalmente no final de semana.
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A formação toda foi feita no Brasil?
Fiz todos os cursos aqui no país. Inclusive eu ajudo a formar árbitros aqui em Santa Catarina e fora do nosso Estado também. Quando você chega à categoria internacional você pode formar árbitros. Você chega ao nível internacional por indicação da Confederação Brasileira e quando a confederação te indica, a Federação Internacional de Natação (Fina) sabe que você está apta para a função.
Como está o Brasil na natação?
Eu acho que o Brasil está muito motivado. Nós temos excelentes atletas que vão brigar por medalhas, com certeza. Vai ser incrível quando o atleta cair dentro da piscina e ouvir aquele coro, a torcida empurrando, tudo isso será uma motivação maior, deles superarem seus tempos. Na primeira seletiva em Palhoça, ano passado, já deu para ver que eles estão fortes, que estão nadando muito bem, então estamos bem otimistas.
E Santa Catarina?
A gente tem uma questão que pega muito na natação que é a questão financeira, de patrocínio dos atletas. Então, nossos atletas acabam despontando e indo para estados e clubes que têm mais condições. Mas temos técnicos e atletas excelentes aqui. Talvez tenhamos um representante catarinense lá, que é o Daniel Orzechowski, de Joinville, que está buscando o índice olímpico. Nós temos um excelente caminho, estamos trabalhando, e a tendência é evoluir.
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