Voar é uma sensação única. É uma chance de se desconectar da sua rotina do dia a dia, é um sentimento de liberdade envolvente. É assim que o joinvillense Alan Sabel, 21 anos, descreve o que o fez escolher ser atleta profissional de parapente com apenas 16.
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Assim que completou o ensino médio, o piloto começou a se dedicar exclusivamente às acrobacias no ar e a descobrir novas rampas de voo pelo país.
E foi numa dessas descobertas que a equipe do DC acompanhou o jovem atleta. O destino da vez foi um terreno na praia do Matadeiro, sul da Ilha de Florianópolis. O dia estava em condições perfeitas para a pratica do esporte: céu sem nuvens, vento médio e temperatura amena. Ao caminhar morro a cima, com todo o equipamento nas costas, Sabel às vezes segurava a perna direita.
– Presente da viagem à Organyá, na Espanha, onde passei três meses este ano. Deu pane no meu paraquedas e cai forte no chão. Quebrei dois ossos na perna – recorda Sabel, ao falar de seu treinamento no local considerado o paraíso do parapente.
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O medo de acidentes é algo constante na vida do piloto. Mesmo com dez anos de prática, toda vez que prepara o equipamento básico – capacete, parapente principal e de reserva – o sentimento retorna.
– Medo é algo que me acompanha sempre. Quando a gente perde o medo, perde também o respeito pela modalidade, ainda mais a minha que é o limite do parapente. Mas esse é o legal, tentar eliminar o medo de fazer algo mais arriscado.
Nas duas horas que passou cortando o ar durante o treino, Sabel demonstrou algumas das manobras conhecidas do esporte: o SAT assimétrico – quando o piloto faz uma descida girando em espiral -, o mist flip – quando o parapente fica na frente do piloto, formando um círculo, e ambos começam a girar – e movimentos sincronizados com Rodrigo Machado, que o acompanhou no voo.
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Meta é aprender manobras mais difíceis
Agora, sua meta é completar o infinity tumbling, em que a pessoa “pula corda” com o parapente. Essa é a manobra mais difícil e eleva a dificuldade das rotinas de Sabel nos mundiais.
Entre as manobras perigosas e as passagens rasantes pelas árvores, o atleta encontrava tempo para simplesmente admirar a vista e batucar o ritmo da música que cantava, uma das manias do catarinense. Ao descer, o piloto disparou para os dois colegas que o acompanharam:
– Por que nunca tínhamos vindo aqui mesmo? – brincou Sabel, o único brasileiro chamado até agora para participar em março de uma competição latino-americana na Argentina. ?
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Entrevista ?
Santa Catarina tem se destacado no cenário do parapente nacional, com com 340 pilotos federados e 26 rampas preparadas para voos, sendo a maioria no litoral. Para o presidente da Federação Catarinense de Voo Livre, José Guimarães, o número de praticantes do esporte está crescendo exponencialmente no estado, com enfoque para a região Oeste. ???
DC – Dos 19 clubes de voo federados, apenas quatro não estão no litoral. Isto se deve ao clima da região?
José Guimarães – Isso se dá mais pela tradição de alguns lugares como Jaraguá do Sul, Pomerode e até Florianópolis, que são mais conhecidos pela prática do voo, do que realmente pelas condições do local. Mas o Oeste está começando a crescer neste setor. Temos ótimas pistas, como a de Itarangá, considerada a melhor do Sul do país. Estamos tentando trazer algumas etapas de campeonatos para ajudar nesta expansão da região.
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DC – O crescimento da procura pelo esporte fez a Associação Brasileira de Voo Livre criar a proibição do voo a menores de 18 anos. Isso se aplica a Santa Catarina?
José – Sim, menores de 16 anos não podem voar. Entre 16 e 18 precisa de autorização dos pais. Quem faz está contra a lei.
DC – Isso também se estende aos voo duplos?
José – Sim. Depois de alguns acidentes, como o do Rio de Janeiro, a ABVL proibiu esta prática. Mas instrutores ainda a vendem como “voos de instrução”, o que não é permitido.
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