Quando Ana Konder começou a trabalhar com peles de animais, há 10 anos, as críticas contra o uso deste tipo de material na moda eram menores. Hoje a patrulha é intensa. Na última São Paulo Fashion Week (de 19 a 24 de janeiro), o protesto usou coelhos de isopor reciclável e raposas de madeira expostos na porta de entrada. Em abril do ano passado, a brasileira Arezzo retirou das lojas a coleção Pelemania, composta com pele de coelho, de cabra e de raposa, depois que a página da marca do Facebook foi invadida por fotos de animais mortos e por comentários de reprovação.
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A intensidade da polêmica fez com que o negócio da catarinense diminuísse, aliado a outros fatores como crise econômica, o que fez a designer também trabalhar com peles falsas, mas só no showroom. Mas ela ainda mantém uma pequena butique no bairro londrino Mayfair, onde só vende peças confeccionadas com peles verdadeiras, basicamente de raposa, guaxinim e vison.
– A polêmica das peles é uma total ignorância. A gigantesca indústria das peles jamais vai compactuar com a crueldade contra animais, até porque um animal precisa ser muito bem tratado para que a pele possa ficar bonita, com brilho e homogênea. Posso até aceitar a crítica sobre matá-los só para aproveitar as peles. Mas, então, não compre roupas baratas produzidas a partir da escravidão de crianças na China. E já viu como uma vaca sofre no abate para que possamos comer a carne? – dispara Ana.
A empresária afirma que os animais são criados em cativeiros certificados e inspecionados, e que o restante do corpo é reaproveitado em rações. Os filhos Ian e Bruna Konder já foram críticos do trabalho da mãe. Hoje entendem:
– Um dia estava -15ºC em Londres e nevava. Eu pisei em falso e fiquei presa horas em um buraco na rua. Se não tivesse usando um casaco de pele, talvez teria morrido. É complexo, mas, depois disso, entendo o trabalho da minha mãe – afirma Bruna.
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